terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

"(...) os poderosos se comportam de facto com hipocrisia, condenando mais as transgressões dos outros do que as suas"


Se queremos ter empresas mais "saudáveis" precisamos saber selecionar os Talentos que nela irão colaborar.

Se temos conhecimento (clique aqui para ler o artigo completo da Economist publicado no site do jornal Expresso) através de estudos realizados que existe uma tendência natural para o poder corromper aqueles que o têm (no sentido mais comum da palavra!) então empresários, sócios, accionistas e líderes (quando selecionarem outros) devem fazer um esforço adicional para contratarem alguém que verdadeiramente defenda os interesses da respectiva empresa e manterem um sistema de monitoramento também ele saudável.

Aqui ficam uns trechos interessantes dos testes feitos:

"(...)
No primeiro estudo que realizaram, os drs. Lammers e Galinsky pediram a 61 estudantes universitários que escrevessem sobre um momento do seu passado em que tivessem estado numa situação de poder, grande ou reduzido. Investigações anteriores tinham determinado que esta fórmula era eficaz para 'treinar' pessoas para se sentirem como se estivessem nessa situação. Cada grupo (grande poder e poder reduzido) foi depois dividido em dois novos grupos. A metade foi pedido que, numa escala moral de nove pontos (em que 1 correspondia a altamente imoral e 9 a altamente moral), classificasse quão censurável seria alguém apresentar no emprego despesas de viagem acima das reais.
(...)
No caso das despesas de viagem - em que a questão se centrava do comportamento de terceiros -, os membros do grupo de grande poder classificaram-na em média com 5,8 na escala de 9 pontos. Os membros do grupo com pouco poder atribuíram-lhe 7,2 pontos. Por outras palavras, os poderosos proclamaram ser a favor da moralidade. No jogo de dados, contudo, os membros do grupo com muito poder indicaram, em média, ter tirado 70, enquanto os indivíduos com fraco poder indicaram, em média, 59. Embora os indivíduos do grupo de poder reduzido possam ter feito uma pequena batota (a média previsível dos resultados seria 50), os voluntários com grande poder estavam indiscutivelmente a fazer batota - talvez levando demasiado à letra a expressão "jogador de alto nível"
(...)
No seu conjunto, estes resultados indicam de facto que o poder tende a corromper e a incentivar uma tendência hipócrita para exigir aos outros um comportamento mais rigoroso do que o do próprio.
(...)
Só as pessoas insignificantes pagam impostos...

Em ambos os casos, os participantes utilizaram a escala de 1 a 9 aplicada na primeira experiência. Os resultados mostraram que, na verdade, os poderosos têm comportamentos hipócritas. Acharam que o facto de outros excederem o limite de velocidade por estarem atrasados merecia uma pontuação de 6,3, enquanto que, se fossem eles próprios a exceder esse limite, mereciam 7,6 pontos. Em contrapartida, os indivíduos com pouco poder pontuaram todos por igual. Atribuíram 7,2 a si próprios e 7,3 aos outros - uma diferença insignificante, do ponto de vista estatístico. No caso da fuga aos impostos, os resultados foram ainda mais impressionantes. Os indivíduos com grande poder acharam que, quando violavam as leis fiscais, os outros mereciam 6,6 na escala de moralidade, mas se fossem eles próprios a fazê-lo mereciam 7,6. Neste caso, os indivíduos com pouco poder foram mais benevolentes com os outros e mais exigentes consigo próprios, com classificações de 7,7 e 6,8 respectivamente.

Estes resultados sugerem, portanto, que os poderosos se comportam de facto com hipocrisia, condenando mais as transgressões dos outros do que as suas. O que não é uma grande surpresa, embora seja sempre agradável ver a percepção vulgar confirmada por uma análise sistemática. Outra noção comum é que, quando são apanhados, os poderosos mostram quase sempre poucos remorsos. Não é só o facto de atropelarem o sistema - também parecem acreditar que têm esse direito. Para investigar este aspecto, Lammers e Galinsky conceberam uma terceira série de experiências, tendo em vista dissociar o conceito de poder do conceito de prerrogativa. Para tal, os investigadores modificaram o modo de preparar as pessoas.(...)

Por conseguinte, defendem que as pessoas detentoras de um poder que consideram justificado violam as regras, não apenas porque podem ficar impunes mas também porque, ao nível intuitivo, sentem que têm o direito de fazer o que querem. Este sentimento de prerrogativa é essencial para se entender o motivo porque os detentores de altos cargos transgridem. Sem esse sentimento, as prevaricações seriam menos prováveis. A palavra "privilégio" traduz-se por "lei privada". Se Lammers e Galinsky tiverem razão, a sensação que alguns poderosos parecem ter de não estarem sujeitos às mesmas regras não é apenas uma cómoda cortina de fumo: é uma verdadeira convicção.
(...)"

Agora que experiências validam o nosso senso comum, vamos aproveitar aquelas para reflectir e agir em conformidade.

Se queremos um Portugal, um Brasil, etc melhores, temos que conseguir eliminar gradualmente este tipo de hipocrisias.

Boas decisões e ...

Abraços saudáveis

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