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terça-feira, 21 de setembro de 2010

"Exercício físico como "medicamento" anticancro "

Que bom que é, ver um vídeo com médicos, cientistas e investigadores, validando aquilo que pratico e procuro divulgar junto dos meus leitores, clientes, amigos,...

Do vídeo (de 8 minutos) que pode assistir, clicando aqui, retirei os trechos abaixo, para que acredite que vale a pena investir um pouco do seu tempo a ver algo que, talvez contribua de forma significativa, para a sua saúde, a saúde da sua família, colegas, ... e ainda para a saúde financeira de todos os envolvidos (família, empresa onde trabalha, segurança social,...)

"os cientistas têm agora provas concretas. Hoje sabemos que quando se faz desporto, quando se faz exercício, os músculos se contraem e o corpo activa muitos genes.
(...)
Também sabemos que quando se faz exercício, os músculos libertam certas substâncias no sangue que podem influenciar o cérebro, a massa gorda, o fígado e talvez o cancro.
(...).
Quem tem as mais elevadas taxas de diabetes tipo II, são pessoas como os taxistas ou os camionistas.
(...)
Tratamentos nem sempre têm que rimar com medicamentos!

Muito em breve, 10% da população europeia terá diabetes. (...) Precisamos de encontrar melhores maneiras de prevenir esta doença. E o exercício físico é a chave! Mas também precisamos usar o exercício no tratamento porque é mais barato do que uma grande parte das novas drogas.
(...)
O desafio é persuadir as pessoas para que compreendam que este é o caminho a seguir. Mudar o estilo de vida. Este é o desafio!"

Termino com uma pergunta provocadora:

Será que você, leitor, está com uma vida significativamente menos sedentária que a de um taxista ou camionista?

Pense bem, boas decisões e...

Abraços saudáveis

quinta-feira, 29 de julho de 2010

"A New Risk Factor: Your Social Life" - Deveria ser uma das nossas verdadeiras PRIORIDADES de vida!


Na sequência do artigo "Felicidade- uma abordagem prática e objectiva! , publicado neste blog em 2009, no qual se falava da importância de termos um "grupo social de suporte", deixo hoje com os meus leitores, um artigo publicado ontem no The New York Times com o título mencionado em epígrafe:

"Social relationships are just as important to health as other common risk factors like smoking, lack of exercise or obesity, new research shows.

Numerous studies have suggested that strong social ties are associated with better health and longevity, but now a sweeping review of the research shows just how important social relationships really are. Researchers from Brigham Young University reviewed 148 studies that tracked the social habits of more than 300,000 people. They found that people who have strong ties to family, friends or co-workers have a 50 percent lower risk of dying over a given period than those with fewer social connections, according to the journal Plos Medicine.

The researchers concluded that having few friends or weak social ties to the community is just as harmful to health as being an alcoholic or smoking nearly a pack of cigarettes a day. Weak social ties are more harmful than not exercising and twice as risky as being obese, the researchers found.

Notably, the strongest effect was shown when studies used complex measures of social integration, focusing on a person’s family ties, friendships and work connections. In those studies, the survival rates for people with strong relationships were twice that of those with weaker ties. Single measures, like whether a person was married or living alone, weren’t good predictors of health. For instance, people who lived with others had just a 19 percent survival benefit compared with those who lived alone.

Although research has long suggested social relationships are linked with better health, it hasn’t been clear whether the effect is due to the fact that healthy people are more likely to be socially active. A person with chronic health problems has more difficulty spending time at work and with friends. While the data collected from the latest analysis don’t prove a causal relationship between health and social ties, the researchers say it is strongly suggestive, because the people studied were otherwise healthy and followed for an average of seven-and-a-half years. Even when controlling for a person’s health status, the benefit of social relationships was still evident.

There are several theories as to why social connections may improve health, including that people with strong family and social ties may be more active, more likely to seek medical care and have lower stress. “Our relationships encourage us to eat healthy, get exercise, get more sleep, see a doctor,’’ said Julianne Holt-Lunstad, associate professor of psychology at Brigham Young.

Dr. Holt-Lunstad said the research suggests that medical checkups and screenings should also include measures of social well being. “Medical care could recommend if not outright promote enhanced social connections,” she said."

Apesar da leitura do artigo, ficarem dúvidas científicas sobre os resultados alcançados com o estudo que fizeram, pessoalmente, tenho a certeza do enorme impacto das "Social Relationships" na Qualidade de Vida de cada um.

E mais uma vez, tanta coisa BOA e SIMPLES que se pode fazer nesta área, mas as PRIORIDADES de muitos, nem sempre incluem esta importantíssima vertente.

Abraços saudáveis

sexta-feira, 2 de julho de 2010

"Levar a sério os enjoos na gravidez"


No jornal Destak do passado dia 30 de Junho, a directora Isabel Stilwell, escreveu sobre um tema que, todos nós, mas especialmente os médicos e nós homens, precisamos gerir melhor e fazer a nossa parte. Ao publicar o seu artigo, estou a dar o meu pequeno contributo nesse sentido!

"As grávidas continuam a ser as maiores vítimas dos tabus com que todos nós, homens e mulheres, continuamos a rodear a ideia de mulher, sobretudo a da mulher-mãe. Demasiado
cristalizados por dentro para podermos entender que todas as coisas boas têm sempre lados maus, sem deixarem, por isso, de ser maravilhosas, endeusámos aqueles nove meses de espera e proclamámos que o “parirás com dor” era um designío divino, como se o sofrimento fosse condição imprescindível ao milagre. Ainda me lembro de há 20 anos ter feito uma reportagem na Maternidade Alfredo da Costa, para constatar que as mulheres que recebiam uma muito desejada analgesia para o parto imploravam aos médicos que não revelassem a “fraqueza”
aos maridos. Não queriam que eles soubessem, diziam, “que não tinham sido suficientemente mulheres para aguentar a prova de que mereciam ser mães. Não lhes passava pela cabeça
(será que agora passa?) nem a elas, nem aos maridos, nem tão pouco à medicina, perguntar por que é que, então, se arrancavam dentes com anestesia...

Os enjoos na gravidez são outro dos “episódios” reduzidos a simples incómodo de percurso. Aliás, o único medicamento que atenua os sintomas tem, pelo menos, 50 anos e quem é que duvida que, se fossem os homens a engravidar, por esta altura a indústria farmacêutica já teria inventado trezentos remédios para os eliminar? Felizmente os tempos estão a mudar, provavelmente com a ascensão das mulheres a lugares de decisão no mundo da ciência.
Prova disso é a decisão da Sociedade inglesa de Obstetrícia de agendar o tema para um debate universitário. Alertam os médicos que as náuseas e vómitos são insuportáveis e graves em muitas gravidezes, provocando depressão e levando 2% das mulheres ao internamento hospitalar. Apelam, por isso, a que os médicos os levem a sério, e os cientistas investiguem as causas e procurem tratamento. Finalmente."

Abraços saudáveis

terça-feira, 20 de abril de 2010

"Leite Materno Deve Ser Sempre Prioridade" - "metade das mulheres desistem de dar mama durante o primeiro mês!!!"

Não é a primeira vez que publico algo sobre a importância do leite materno ser a 1a opção e como gostei bastante do que li no Blog "PARA A VIDA" sobre esta matéria, aqui fica mais uma nota para aquelas mães que mesmo podendo amamentar (pelo menos nos primeiros 6 meses), se sintam tentadas a usar outras opções por uma questão "logística".

"As vantagens da amamentação são inúmeras e reconhecidas por todos, quer para o bebé, quer para a mãe. Por isso, deve ser considerado sempre como uma prioridade.

“O leite materno é qualquer coisa de extraordinário. É diferente, é um alimento vivo, tem células, protege as crianças contra as infecções de uma maneira altamente eficaz”, considera o especialista do serviço de neonatologia do Hospital S. Francisco Xavier, António Honrado Lucas, exemplificando: “é impossível um bebé de dois meses, enquanto alimentado a peito, ter uma gastrite”.

O leite materno é um alimento vivo, completo e natural e as suas vantagens são múltiplas e reconhecidas, quer para o bebé, quer para a mãe. “Em termos psicológicos, até a mãe fica mais segura, sente que está a contribuir para a saúde do seu bebé”, acredita António Honrado Lucas. É consensual que a duração ideal do aleitamento materno exclusivo é de seis meses, “embora nos tempos que correm, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aceite os três meses”.
De acordo com os especialistas, o leite da mãe tem um efeito protector entre outros, sobre as alergias, infecções gastrointestinais, respiratórias, urinárias e diabetes. Por outro lado, António Honrado Lucas acrescenta que algumas situações frequentes nestas fases, nomeadamente as cólicas abdominais, podem ser minimizadas: “embora, as cólicas sejam uma questão multifactorial, que tem que ver com o meteorismo ou o stress do bebé, sem dúvida que a amamentação é benéfica, tornando o problema menos frequente”.
Ao mesmo tempo, para a mãe facilita uma involução uterina mais precoce e associa-se a uma menor probabilidade de cancro da mama. A enfermeira do Centro de Saúde da Parede, Adelaide Órfão e responsável pela Associação de Aleitamento Materno de Portugal – Mama Mater acrescenta mais algumas das vantagens.

“O leite da mãe transmite um património vivo e, por isso, para além do ponto de vista fisiológico, induz o equilíbrio neurológico, a maturação e modulação do próprio crescimento do bebé, (que compreende o desenvolvimento do intestino e que diminui todo o número de doenças associadas), e o próprio bem-estar que se reflecte na mãe”.

Alguns estudos revelam que mais de 90 por cento das mães portuguesas iniciam o aleitamento, se bem que quase metade das mulheres desistem de dar mama durante o primeiro mês de vida do lactente. É com o intuito de contribuir para aumentar as taxas de amamentação em Portugal que existe a Mama Mater.
(...)
A mãe tem menos depressão pós-parto. E do ponto de vista do pai, a grande maioria, é a favor de que as suas mulheres amamentem, pois sentem que os bebés ficam bem entregues se tiverem a oportunidade de mamar o leite da sua própria mãe”, adianta Adelaide Órfão, e conclui que o bebé fica efectivamente mais apto, “com as suas competências desenvolvidas e operacionalizadas”."




Mãe, todos em casa têm algo a ganhar com o facto de você decidir que vai amamentar os seus filhos durante pelo menos os primeiros 6 meses!

Boas decisões e...

Abraços saudáveis

domingo, 31 de janeiro de 2010

Manfred Kets de Vries (...) Sua missão: ensinar os executivos a pensarem na vida"


Como defensor que a Qualidade de Vida das empresas sustentada (leia-se resultados junto dos vários stakeholders) está directamente relacionada com a Qualidade de Vida dos seus colaboradores, gostei muito de ler as palavras do psicólogo e economista holandês Manfred Kets de Vries, no site da Época NEGÓCIOS (clique aqui para ler o artigo na íntegra, de onde tirei os trechos abaixo):

EN: Você possivelmente já cruzou com algum destes personagens: o CEO de meia-idade que, entediado, arranjou uma mulher 30 anos mais jovem – a famosa “esposa troféu”. Ou então o diretor de RH que entrou em depressão depois de executar um corte drástico de pessoal. Ou o executivo ou executiva que subitamente perdeu um filho ou parente e um abismo emocional se abriu diante de seus pés. São fatos da vida que, na dinâmica das corporações, são sublimados. É como se jamais houvessem ocorrido. (...) Manfred Kets de Vries, 67 anos, psicanalista, economista e professor do Insead. Vries é autor de uma recém-lançada obra provocativa, que aborda os quatro pilares da existência humana: Sex, Money, Happiness and Death: The Quest for Authenticity (“Sexo, dinheiro, felicidade e morte: a busca da autenticidade”). “Nossa vida profissional seria muito mais gratificante se deixássemos de negá-los”, diz Kets de Vries.

(...) Grandes empresas, como Nokia, Heineken, KPMG, McKinsey e Unilever, aprenderam a confiar em seus insights e na dinâmica peculiar de seu trabalho, que envolve o coaching de grupos. Vries não economiza críticas às corporações (e também aos seus colegas acadêmicos): “O mundo dos negócios e a academia são emocionalmente subdesenvolvidos”, afirma ele.
(...)
Seu livro pegou muita gente de surpresa (...).

MKV: "(...) Meu objetivo com o livro foi tentar fazer o executivo refletir sobre o que, de fato, tem importância em sua vida. Também quis sacudir meus colegas da academia de suas torres de marfim. Os acadêmicos deveriam estar mais atentos aos problemas reais de pessoas reais, e não ficar tentando impressionar um ao outro.

(...) Veja a relação de sexo, dinheiro, poder e depressão. Acompanho executivos nas últimas décadas. É muito comum, depois de bem-sucedidos, que se aposse deles um sentimento de vazio. De tédio. No setor financeiro, isso é muito comum. Porém, aos executivos não é permitido – e eles não se permitem – demonstrar sinais de angústia. Entediados com as conquistas, a depressão aumenta. (...) Eles podem mascarar por algum tempo a angústia, mas chega uma hora em que todos têm de diminuir o ritmo. A saúde e o corpo não são mais os mesmos. E nessa hora fica realmente difícil confrontar a dura realidade.

EN: Como se prevenir disso?

MKV: Por meio de uma constante avaliação de si mesmo: “O que eu realmente quero?”. Afinal de contas, não vale a pena ser o sujeito mais rico do cemitério. Sei que isso é difícil de fazer, e de prescrever para os executivos. Mas é necessário.

EN: Como o dinheiro e a questão da remuneração nas empresas se encaixam nesse quadro?

MKV: A questão é: quanto é o suficiente? Eu faço essa pergunta para os executivos. E eles não sabem me dar uma resposta. Nunca se questionaram sobre isso, pois, quando o assunto é remuneração, é sempre possível, em teoria, ganhar mais. Não existe um teto em que as pessoas digam: “Esse limite para mim está ótimo”. Isso é bem razoável, mas ao mesmo tempo contraintuitivo... Existe um problema inerente ao ganho financeiro: com ele nasce, concomitantemente, uma cadeia de necessidades. Os mais ricos são também os mais necessitados, por paradoxal que isso soe. Eu sempre digo nos meus seminários: “Veja, um sujeito realmente poderoso era o Buda, que não precisava de nada, e vivia sem um tostão”. Se você quer ser realmente poderoso, tem de abrir mão de suas necessidades.

EN: E o que traz felicidade?

MKV: É uma pergunta difícil. Mas eu acho que o primeiro passo é ter um objetivo que o mova. E esse objetivo deve nascer da sinceridade. Alguns empreendedores são realmente sinceros ao querer criar um negócio inovador, de qualidade, e isso os faz genuinamente felizes. Para outras pessoas, os projetos e os objetivos são outros. O sucesso profissional entra aí como um meio, e não como um fim em si mesmo. Conheço um executivo que uma vez por mês vai a um hospital de crianças com câncer. Lá, passa uma tarde, distribui balas, brinca com as crianças. “Manfred, esse é o dia mais feliz do meu mês”, ele me disse.

(...) As pessoas gostam de conversar sobre sexo, dinheiro, felicidade e morte, mas muitas vezes olham em volta e não têm com quem falar.(...)

EN: O senhor trabalha muito com a emoção nos seus seminários?

MKV: Costumo dizer que os participantes, entre eles muitos executivos seniores e CEOs, começam o programa falando de negócios, e terminam falando sobre suas mães. Veja que evolução!

EN: O que seria o executivo “humano” na organização?

MKV: Ele é um mercador da esperança na corporação. Empresas devem produzir lucro, e para isso o CEO tem de saber criar um senso de propósito objetivo, que motive a equipe. Construir o propósito: essa é uma das funções do storytelling [técnica para contar e criar histórias]. Essa qualidade de liderança não nasce da educação formal, acadêmica – do MBA. Mas sim de capacidades intrínsecas da individualidade do CEO. Estas capacidades podem ser desenvolvidas.
"

O PROFESSOR E A FELICIDADE

Seis dicas de Manfred Kets de Vries para gerenciar a qualidade de vida

Alegria, interrompida
Aproveite os momentos alegres, mas também aceite a tristeza. Uma das virtudes da felicidade é que ela não é constante. Se fosse ininterrupta, a felicidade se tornaria algo monótono, ou até mesmo um pesadelo. “Imagine um estado de orgasmo constante...”, provoca Kets de Vries.

Humor e humildade
O topo pode ser um lugar muito solitário. É essencial que o líder tenha alguém que possa criticá-lo, sem medo de represálias. Um remédio para isso é o humor. “Fazendo graça, o bobo da corte era livre para criticar o rei. O líder da organização devia ter seu ‘bobo da corte’. O humor traz humildade.”

Intuição às avessas
Intuitivamente, a tendência humana é dar mais relevo às falhas pessoais do que aos acertos. Fazer o oposto disso é saudável, segundo o professor. Deve-se aprender a cultivar o otimismo, a esperança e a criatividade pessoal.

Divina loucura
Aceite a própria loucura. Todos nós precisamos dela para manter a sanidade. “Eu gosto de um pouco de loucura e excentricidade nas pessoas. É o que fomenta a criatividade.”

Equilíbrio delicado
Como conciliar profissão e vida pessoal? Um segredo para evitar a dor na consciência é o senso de responsabilidade pelos outros. (...)

Intensidade e paixão
Para uma vida profissional saudável, a pessoa deve ser capaz de extrair intensidade de todos os momentos. Nós devemos ser capazes de experimentar todas as “cores” de cada um dos momentos. Não podemos agir como daltônicos emocionais.

(...)
“O valor está nas coisas simples”

Só esse resgate produzirá supéravit emocional nas empresas, diz Faccina

Época NEGÓCIOS buscou um veterano para sondar a balança emocional do corpo executivo no Brasil. É Carlos Faccina, ex-executivo da Nestlé, professor da Business School São Paulo e autor de O Novo Profissional Competitivo, que acaba de ganhar uma nova edição pela Campus. Suas impressões:

- Vivemos hoje um período de desequilíbrio e excessos, e este movimento ainda não chegou ao ápice. Mas, como tudo na vida, é um movimento pendular.

- O retorno ao superávit emocional depende de um resgate e uma revalorização das coisas simples nas empresas.

- Emoção e razão andam juntas. Não dá para ter envolvimento num projeto sem que a emoção esteja envolvida. No entanto, mais de uma vez fui repreendido em reuniões: “Faccina, não vamos ser emocionais! Vamos ser racionais”.

- Os funcionários, mesmo vizinhos de cubículos, não se falam mais, nem por telefone, só por e-mail. Hoje em dia, as únicas pessoas que conversam nas empresas são os fumantes. A tecnologia, aliás, é cúmplice do alheamento emocional.

- Nos anos 80, o processo de expatriamento de um executivo demorava um mês e meio. Havia tempo para o sujeito acomodar a questão familiar, e medir se valia ou não a pena a mudança. Hoje, a decisão ocorre em dois ou três dias.

Acredito que a leitura deste artigo possa contribuir para que accionistas e executivos (mas não só!) possam incorporar parte da sua mensagem ao modelo de gestão das respectivas empresas. Todos sairão beneficiados ao longo do tempo!

Abraços saudáveis

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

"Violência verbal é tão prejudicial quanto a física"


Nunca é demais escrever algo sobre a questão da violência verbal. Hoje socorri-me de um texto publicado no site UOL, do qual retirei os trechos abaixo (para ler o artigo na íntegra, clique aqui)

"O marido vive dizendo para quem quiser (ou não) escutar que sua mulher não sabe nada, não' é capaz e por aí em diante. Todos os dias o chefe ou outro profissional dispara adjetivos humilhantes a um colega de trabalho. “As pessoas estão acostumadas a associar a violência à sua forma física. Mas a violência psicológica, muitas vezes expressada verbalmente, pode ser ainda mais prejudicial”, afirma a consultora de etiqueta e comportamento Célia Leão, de São Paulo.

“Vivemos num contexto violento, seja no trânsito, nos relacionamentos, nos meios de comunicação e nas empresas”, diz Armando Rezende Neto, psicólogo voluntário do Ambulatório de Atendimento de Transtorno Obsessivo Compulsivo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). E, segundo ele, viver numa situação de violência verbal repetitiva pode levar ao estresse, do leve ao crônico, com repercussões na saúde. “Se a pessoa tem propensão à depressão e à ansiedade, pode desencadear esses transtornos e até crises de síndrome do pânico. Já atendi pessoas que lidam com o público em entidades públicas e desenvolveram esses problemas”, conta.

Casal

Nos relacionamentos entre casais, essa situação ganha tons mais intensos. “É pior, pois a violência vem de uma pessoa próxima e amada, que, muitas vezes, conhece e ataca os pontos fracos”, diz Rezende.

Para Célia, que já presenciou cenas de um casal em que o marido diminuía a esposa o tempo todo, a situação é causada por baixa autoestima de ambas as partes. “O agressor precisa diminuir a vítima para se sentir melhor. E a vítima aceita a agressão por não se dar valor”, diz.

(...)."

Considero que o a autora deste artigo, apenas pecou por colocar exemplos do homem como agressor e a mulher como vítima, quando todos sabemos que o inverso também acontece e tão pouco deve ser tolerado!

Que 2010 seja um ano onde a comunicação entre as partes flua melhor e o respeito, compreensão e tolerância imperem em qualquer tipo de relação profissional ou pessoal. A Qualidade de Vida dos envolvidos agradece!

Abraços saudáveis

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

"Meu pequeno tratado sobre a Depressão"

Para terminar o ano (acredito que amanhã não publicarei nada!) escrevo algo sobre um tema que de alguma forma, mexe directa ou indirectamente com quase todas as famílias que conheço.

Escolhi um exemplo (retirado do Blog Wer ist Dona Flor?) com um resultado aparentemente feliz e onde a protagonista foi orientada e seguiu uma linha de tratamento, na qual acredito muito (reparem bem na questão da alimentação, de respeitar o ritmo de cada um, não enveredar por soluções fundamentalistas, resultados crescentes e sustentados, etc)

Pretendo, humildemente falando, com a publicação do texto abaixo, aproveitar o ditado popular "ano novo vida nova" para incentivar todos aqueles(as) que vivam uma situação semelhante, a iniciarem o mês de Janeiro de 2010 (ou melhor ainda, já no próprio dia 1) acreditando que uma boa parte da solução está dentro deles e simultaneamente passar a mensagem para quem faz parte do dia a dia de quem está com depressão, que a forma como se comportam perante esta familiar, amigo, colega, subordinado, etc, pode facilitar ou prejudicar muito a sua recuperação.

"Faz quase 6 meses que venci minha depressão! E resolvi escrever sobre isso já faz algum tempo, mas nunca terminei esse post e ele ficou nos meus rascunhos.

Quem acompanha meu blog sabe que eu tive um momento muito difícil aqui na Alemanha. Uma das minhas lembranças mais claras dos comentários e e-mails que eu recebi foram os e-mails do tipo "falta Jesus na sua vida" ou "saia de casa, faça alguma coisa, que melhora", como se fosse uma questão de escolha. Eu escolhonão ter depressão e pronto, sarei.

Eu sei que as pessoas que deixaram esses comentários tiveram boas intenções, porque eu também pensava assim. Aliás, aproveito para pedir desculpas para a minha amiga Vera, que luta há anos contra a doença e eu nunca a entendi. Eu só pensava que ela tinha um filho lindo, um marido bacana, uma empresa próspera e que o chororô dela contra a vida era pura falta do que fazer ou infantilidade. Vera, me desculpe!

A depressão não é tristeza, não é desânimo, não é mau-humor: é um desequilíbrio químico que pode se iniciar por mil e um motivos. A minha se iniciou após uma crise de estresse (outra doença que eu achava que era de gente sem ter o que fazer). Eu cheguei na Alemanha em final de Setembro de 2007, os dias mais curtos e sem sol já estavam por aqui e logo as más notícias e problemas cotidianos se acumularam: a falta de atenção do marido que levava vida de solteiro, a sogra se intrometendo em tudo, as aulas de alemão que não eram satisfatórias, o diagnóstico de câncer do meu pai, a morte do meu vô, a morte do meu pai... Perdi o chão, fiquei extremamente mal e o estresse causou um desequilíbrio hormonal e esse desequilíbrio causou minha depressão.

Eu passei por vários médicos até conseguir o diagnóstico. Meu marido nem queria que eu procurasse médico, achava que não era necessário. A família daqui jogava a culpa em mim, diziam que a morte do meu pai me abalou e que eu não queria me integrar à nova vida. Eu devia sair mais, ver mais gente, estudar mais. Só que eu não tinha ânimo, tinha dores pelo corpo (ainda tenho de vez em quando) e um cansaço que não passava nem se eu dormisse 14 horas por dia. Só ao chegar em um médico ortomolecular, que consegui um diagnóstico e um tratamento, começando com o problema hormonal.

Meu tratamento não incluiu drogas contra a depressão. Ele me ofereceu as duas opções: tomar algo para "por pra cima" logo, enquanto tratava o desequilíbrio hormonal ou começar a tratar e esperar a melhora gradual. Eu resolvi esperar a melhora gradual e meu primeiro passo foi parar de tomar pílula e começar a tomar vitaminas e dar uma mudada na minha alimentação. Depois, com a ajuda de um bom ginecologista, comecei uma reposição hormonal e optei por outra pílula.

Depois de dois meses eu já sentia mais ânimo. Após 4 meses as dores no corpo passaram e eu comecei a ir pra academia, onde ainda vou e faço exercícios muito leves.

Com a chegada do frio e dos dias mais curtos (como é duro ter luz só das 8 às 4:30), eu comecei a sentir que poderia piorar, porque já estava de novo com vontade de dormir muito. Voltei ao médico e ele me indicou vitamina D3 e fototerapia (meia hora por dia com uma luz forte voltada para mim). A fototerapia é ótima, recomendo muito pra quem sente também falta de sol.

Entre as mudanças importantes que fiz na minha alimentação está a inclusão de peixes e mais saladas e vegetais (coisas que eu não tinha o costume de comer no Brasil) e estou evitando farinha de trigo e glúten. É difícil, mas eu parei de fazer tanto bolo, não como pão branco todos os dias (na verdade como no máximo uma vez por semana) e o médico me disse para evitar tantas fibras, que eu sempre ouvi dizer que são ótimas para o funcionamento do intestino. Na opinião dele, as fibras atrapalham a absorção dos nutrientes no intestino. Ele também me disse para evitar coisas com gordura hidrogenada, como margarina, o que pra mim não é difícil, porque eu sempre gostei mais de manteiga. Mas sem pão, nem lembro de usar a manteiga.

Uma coisa que eu não consegui colocar na minha dieta foi o Iogurte... detesto! Eu tomo Yakult, será que vale? :-) Eu adoro chocolate e bolachas, mas já que as bolachas recheadas estão cheias de gordura hidrogenada, eu estou comprando apenas chocolate em barra e apenas 2 barras por semana. Eu comia uma por dia antes e cansei de não almoçar por pura falta de coragem de cozinhar... agora eu cozinho no almoço e na janta e como várias vezes por dia. Claro que ainda como no McDonalds de vez em quando, não sou super restrita na minha dieta, só acho que se eu puder manter na maior parte dos dias uma alimentação mais saudável, melhor.


Outro dia olhando fotos minhas de um tempo atrás e de agora é como se eu tivesse rejuvenescido, minha pele está melhor, meu cabelo, as unhas... Eu até engordei um pouco, o que é ótimo, porque desde que eu mudei pra cá eu estava abaixo do peso, com 46, 47 quilos. Agora meu peso varia entre 50 e 52 quilos e eu me sinto ótima!"

Só posso dar os parabéns à autora deste belo texto e ao médico que a aconselhou!

Boas decisões e um 2010 com muita Saúde e (mais) Qualidade de Vida

Abraços saudáveis

domingo, 15 de novembro de 2009

Que o comportamento da Elizabeth Lambert se torne uma excepção face à realidade do dia a dia de todos nós!


Alguns acontecimentos graves:

Ontem à noite soube que morreu o namorado da irmã de um grande amigo meu, com um ataque cardíaco. Tinha apenas 40 anos.

Há 2 meses, um colega meu com apenas 33 anos, teve um AVC, do qual ainda não recuperou.

Várias pessoas com quem convivo, estão com depressão (mais ou menos profunda), doença terrível, com os quais poucos sabem lidar.

Por razões profissionais vejo clientes (alguns amigos pessoais), quase todos com menos de 50 anos, a validarem (ou mais grave ainda a tomarem conhecimento pela primeira vez!) através dos resultados de exames clínicos, que estão com colesterol alto, diabetes, tensão alta, etc.

As causas podem ser muitas, mas com toda a certeza o Estilo de Vida que temos actualmente é o grande responsável por boa parte desta falta de saúde. E é por acreditar naquilo que acabei de escrever que peço aos meus leitores para verem um vídeo de 39 segundos (clique aqui para assistir) que ilustra bem o seguinte:

Se o público aplaude e acha normal que uma jogadora pratique este tipo de violência, será que aquele está sendo o reflexo da sociedade em geral que permite comportamentos que deveriam ser inaceitáveis?

Se os responsáveis do clube permitem que a Elizabeth Lambert tenha o tipo de comportamento gravado no vídeo acima, será que o clube espelha a cultura de muitas empresas, onde (quase) tudo vale para que os resultados desejados se tornem realidade?

Como estará o nível de stress de uma jogadora que actua desta forma em campo? E o nível de stress daqueles que com ela têm de conviver no dia a dia?

As respostas a estas três perguntas e aquilo que fizermos para que as cenas da Elizabeth Lambert sejam consideradas uma excepção dentro e fora do campo (alargado ao mundo corporativo), tem tudo a ver, na minha humilde opinião, com os tristes factos com que abri este artigo.

Volto a salientar a importância de cada um redefinir as suas prioridades e fazer a sua parte para que possa respeitá-las de de uma forma continuada.

Muita paz para aqueles que se foram, votos de uma rápida recuperação para aqueles que não estão bem e...

Abraços saudáveis para todos

domingo, 13 de setembro de 2009

"O DOPING DOS POBRES - Promover saúde não é sufocar a dor da vida com drogas legais"


Sem demérito para com todos os que aqui já citei, acredito que hoje publiquei aquele que considero ser o
melhor artigo desde a criação do meu Blog.

O conteúdo do artigo "O doping dos pobres", escrito pela Eliane Brum, colunista da revista Época, merece a nossa melhor atenção, por que retrata de uma forma ímpar, uma realidade que não pode mais ser ignorada.

Vejam abaixo os trechos que considerei mais relevantes e cliquem aqui para poderem ler o artigo na íntegra (é um artigo longo mas acreditem que é de leitura obrigatória!).

"Parte da minha família tem origem rural e lá está até hoje. Na roda de conversas, chimarrão girando de mão em mão, os tios com um cigarro de palha pendurado no canto da boca, ficava encasquetada com um comentário recorrente. Toda prosa começava com o preço da soja ou do trigo, evoluía para a fúria da geada do inverno daquele ano, quicava por quanto fulano e beltrano estavam plantando e, por fim, chegava ao ponto que me interessava.

Eu era um toco de gente, mas sentada num banquinho ao pé dos adultos e do fogão à lenha, não havia nada que me arrancasse dali. Depois desses assuntos chatérrimos, que eu suportava com brios de filósofo estóico, finalmente minhas tias começavam a atualizar meus pais sobre as fofocas locais.
Invariavelmente havia alguém que tinha descarrilado. Vinha então a voz meio sussurrada, em tom de sentença: "fulana sofre dos nervos".

Pronto, estava tudo explicado. Menos para mim.
Eu não entendia o que eram os tais dos nervos. Só sabia que eles eram os culpados por alterar a ordem daquele pequeno mundo rural. Depois de "atacadas dos nervos", pessoas até então trabalhadeiras, de repente, não achavam mais que acordar às 4h da madrugada para tirar leite de vaca e plantar soja era a vida que tinham pedido a Deus. Mulheres sensatas largavam as panelas e os filhos ao vento e recusavam-se a juntar o marido bêbado na bodega do povoado. Rebelavam-se. Por culpa dos nervos.

(...) Naquelas noites, eu nem dormia. Parte por causa dos borrachudos que tinham esfolado a minha pele.
Parte por causa do mistério dos ataques de nervos. Será que eu também tenho nervos?, matutava. De manhã, perguntava a um e outro, mas ninguém dava uma explicação convincente. Nervos eram nervos e pronto. E não eram assunto de criança.

Cresci, apalpei outras geografias, mas revisito aquele mundo rural sempre que possível. Nas minhas recentes passagens por lá,
descobri que os nervos desapareceram. Não há mais nervos em parte alguma. Agora há depressivos e vítimas de pânico. E, em vez de ataques de nervos, as pessoas têm crises de ansiedade. Antes, o contra-ataque se dava por um arsenal de chás e ervas de nomes estranhos. Mesmo na cidade, não tinha nada que o finado Chico não tratasse com alguma beberagem de cor estranha. Minha teoria pessoal é que não existia vírus ou bactéria ou até mesmo nervos capaz de suportar o cheiro daqueles troços. Mas o velho Chico morreu, não sei dizer se antes ou depois dos nervos. E agora tudo é tratado com comprimidos de cores variadas.

Quando comecei minha aventura de repórter, no final dos anos 80, ainda encontrava referência aos nervos por onde andasse, fosse em zonas rurais de norte a sul, fosse na periferia das grandes cidades. Com o tempo, especialmente
a partir dos anos 90, as mesmas queixas começavam a ser embaladas em termos médicos. Nos últimos anos, tenho ficado embasbacada ao entrevistar gente analfabeta que fala em depressão como se fosse o nome de alguém da família. A terminologia médica invadiu a linguagem em todas as classes sociais e regiões - e se inscreveu na cultura.

(...) De uns tempos para cá, o que muita gente tem me mostrado são, adivinhem: "seus" medicamentos. Com um sentido diverso. Acreditam que, por ser jornalista, tenho um conhecimento que eles não têm, sou capaz de esclarecer suas dúvidas. Estou lá, sentada no único sofá ou na melhor cadeira da casa, quando acontece. Depois da prosa inicial, que no meu caso leva umas duas horas, já estamos todos bem à vontade. Então o pai ou a mãe ou a avó fazem sinal para a menina mais nova. E lá vem a criança carregando uma lata da cozinha. Deposita entre as minhas mãos, como uma hóstia. Olho e já sei o que vou encontrar: cartelas de comprimidos até a boca.

Querem saber se faz bem mesmo. Se posso explicar como devem tomar. Se acho que o guri que só apronta na escola deveria tomar também. Me arrepio. Examino o conteúdo. Procuro as bulas. Boa parte são antidepressivos e tranquilizantes. Pergunto quem toma e por que toma. O avô porque não dorme, a mãe e a avó porque estão deprimidas, o pai porque é nervoso e o filho porque é "muito agitado". Com variações, claro. Mas em geral as deprimidas são as mulheres. Lembro que eram elas também as que mais sofriam dos nervos. Não que os homens não sofram, mas sinto que resistem mais antes de assumir publicamente que são "deprimidos". Em geral eles não dormem ou são "nervosos". Muitas vezes, os pais bebem álcool, os filhos são usuários de drogas.

Com delicadeza, explico que não sou médica, que precisam procurar o posto de saúde. Respondem que a próxima consulta é só daqui a três meses. Descubro então que trocam de medicamentos. Quando acham que o seu não está resolvendo, tentam o do outro. Consciente da minha ignorância, afirmo apenas o que posso afirmar: não tomem o medicamento que é do outro nem dêem para as crianças. Semanas atrás uma mulher me perguntou se podia dar um tranquilizante para a sua sobrinha, de 9 anos, que estava muito agitada. Eu disse que de jeito nenhum, "é muito forte". Minutos depois, veio me contar com um sorriso. Tinha encontrado uma solução: "Dei só a metade".

A medicalização da dor de existir não é nenhuma novidade. Antidepressivos e tranquilizantes estão disseminados em todas as classes sociais.
Para boa parte das pessoas tomar uma pílula para conseguir "aguentar a pressão" é tão trivial quanto tomar um cafezinho. Mas penso que, se você é de classe média, tem mais acesso à informação, à terapia, a um tratamento mais competente. Tem mais acesso à escuta da sua dor.

É importante fazer a ressalva. Não sou contra
antidepressivos e tranquilizantes. Nem tenho autoridade para ser. Acho que medicamentos têm sua hora e seu lugar. Mas não é preciso ser médico para saber que, em geral, seu uso deve ser temporário, monitorado e acompanhado por outros recursos. Como psicoterapia e análise, em muitos casos. Ou seja, devem ser usados com muita parcimônia, critério e acompanhamento. E não como se fossem pílulas de açúcar, que podem ser tomadas por todos a qualquer sinal de dor psíquica.

O que tenho visto é um doping social. Combate-se a maconha, o crack, até o cigarro, ótimo. Mas e as drogas médicas que estão pelos barracos e pelos palácios? São menos drogas porque dadas por um doutor?

Minha percepção é de quem anda bastante por aí. Por ser repórter, tenho o privilégio de entrar por várias portas, escutar a narrativa de muitas e diferentes vidas. Para escrever este texto
conversei com psiquiatras, psicólogos e psicanalistas que trabalham na rede pública de saúde. Queria ir além do meu testemunho. Seus relatos são mais assustadores que o meu.

"Basta chorar", afirma uma psiquiatra muito conceituada. "Há poucos psiquiatras na rede pública, em qualquer parte do país. Em geral, as pessoas vão ao médico por algum outro motivo. Então choram. E o médico, seja qual for a sua especialidade, receita um antidepressivo ou um benzodiazepínico (tranquilizantes - ansiolíticos e hipnóticos). Meses depois a pessoa volta. E continua chorando. Aí ganha um mais forte. Ou ganha dois. E ela continua chorando. Mas tudo o que ouve é que é doente e tudo o que lhe dão são remédios. Só que ela continua chorando.".

"As pessoas são levadas a acreditar que o remédio pode acabar com a sua dor, uma dor que tem causas muito concretas. Não resolve, claro. Um exemplo. Uma mulher tinha dois empregos, um de dia, outro de noite. O que ganhava não dava para pagar as contas. Os ônibus que pegava para chegar até esses empregos eram lotados. Ela vivia num barraco. Aí procurou o posto de saúde e lhe trataram com antidepressivos. Não adiantou. Deram-lhe outro medicamento. Nada. Um dia, sem nenhuma esperança ou recurso, ela tentou suicídio", conta uma psicóloga.
"A questão é que não há promoção de saúde, porque isso implicaria se preocupar com projeto de vida, com perspectiva de vida, com melhoria das condições de vida. O que há é medicalização da vida. Vemos o tempo todo gente que foi viciada em ansiolíticos nos postos de saúde.".

"A gente vê um monte de gente sofrendo. E sofrendo muito. Mas o atendimento funciona assim: está chorando?, toma um antidepressivo; não dorme?, pega um benzodiazepínico. É uma supermedicalização sem critério. As pessoas estão tomando remédios como se fossem bolinhos", afirma um psiquiatra. "Vivemos uma época de sedativo social. O médico não tem tempo de escutar, dá um remédio para que parem de chorar ou reclamar, e as pessoas vivem a fantasia de que são atendidas. Não funciona, claro. Elas continuam sofrendo. Então voltam e o procedimento se repete. E assim vai diminuindo a pressão social.".

Vale a pena parar e refletir. Nossa época está produzindo gerações de anestesiados? A medicalização da dor psíquica é um fenômeno relativamente recente. Pelo menos nesta proporção, com essa enorme variedade de medicamentos disponíveis e muito mais sendo produzido em escala industrial e vendido em licitações para a rede pública em suas variadas instâncias. Cada comprimido de diazepam (benzodiazepínico), por exemplo, custa menos de um centavo para a rede pública. Bem mais barato, digamos, que uma sessão de psicoterapia.

Se pensarmos que a medicação da população com antidepressivos e tranquilizantes se acentuou a partir dos anos 90, que tipo de sociedade teremos daqui, digamos, uma ou duas décadas? O que acontece com as pessoas quando têm a sua dor de existir abafada, mascarada, calada a golpes de pílulas? Não sei. Mas acredito que são perguntas que devemos nos fazer. Nós todos, não apenas os governantes ou os profissionais da saúde. Estamos vivendo uma mudança cultural das mais profundas. E não me parece que estamos suficientemente atentos a suas causas, significados e implicações. Que tipo de mundo e de gente estamos criando quando a resposta para toda dor é uma pílula?

De novo,
não sou contra o uso responsável de medicamentos. E me sinto bastante satisfeita por viver numa época em que é possível curar - ou pelo menos controlar - muitas doenças graças ao avanço da ciência. Mas não é disso que se trata. O que tenho testemunhado não é tratamento - mas doping. E do pior tipo, o legalizado, aquele que é travestido como promoção de saúde e promovido pelo Estado, sob a pressão da indústria farmacêutica. E, atenção: cada vez mais cedo. Em todas as classes sociais, as crianças começam a ser medicadas nos primeiros anos de vida, bastando para isso não ter um comportamento na escola considerado "normal".
(...)
A dor é parte da vida. O fascinante na espécie humana é que conseguimos transformar dor em criação. Elaboramos nossas muitas dores criando poesia, pintura, escultura, música, vestidos, bordados, artesanato, culinária, cinema, móveis, teatro, ciência, histórias. Cada um a sua maneira. Se em vez de elaborar a dor e transformá-la em expressão, tomamos comprimidos que conseguem apenas nos embotar por um tempo, o que estamos fazendo conosco e com o nosso mundo?

Se você pega seis ônibus lotados por dia, trabalha 15 horas, é humilhado pelo seu chefe, mora num barraco e não tem dinheiro para pagar as contas, você está deprimido porque não tem mais forças para suportar esse cotidiano ou está doente porque não consegue dormir? Não. Não é preciso ser médico para saber que ninguém pode estar bem em condições de vida como essas. Sua alternativa não é se entupir de tarja-pretas, mas criar um jeito de lutar por uma vida melhor, pressionar o poder público, criar uma associação comunitária para exigir seus direitos, construir um projeto de vida com aquilo que é possível e brigar por aquilo que precisa se tornar possível.

Ser ativo e ser parte é ter saúde. Não há nada mais doentio e aniquilador do que o sentimento de impotência. E, quando a questão é esta, tomar remédios como se sua dor não fosse legítima, não tivesse causas reais que precisam ser escutadas e transformadas, é acentuar o abismo da impotência. É o contrário de saúde. Por isso, fico muito preocupada quando entro nas casas e os moradores me mostram suas pílulas.
(...)
Penso que o conceito de saúde - e de saúde mental - não existe se não abarcar projeto de vida.

(...)
Para mim, a escrita foi a maneira que encontrei de elaborar a minha angústia, "os meus nervos". Acabei fazendo disso um projeto de vida.
(...)
Tudo o que vivi uso para escrever.
E tudo o que vivi me ensinou a escutar. Quando entro na casa das pessoas como repórter e elas me mostram seus medicamentos, o que esperam de mim é que as escute. E é o que talvez eu faça de melhor. Fico horas em suas casas, apenas ouvindo. Escutando de verdade. A narrativa da vida é um reconhecimento da vida. A escuta da dor é um reconhecimento da dor. Se alguém que sofre procura um médico e, em vez de escutá-lo, ele o entope de comprimidos, o que aconteceu ali não é promoção de saúde, é promoção de doença. E o médico que se sujeita a isso pode estar tão doente quando aquele que o procura. O sistema de saúde não pode funcionar como um reprodutor de impotências. Uma linha de produção de impotências, que em vez de apertar parafusos, coloca bolinhas na boca. Como sabemos por pesquisas, é significativo o número de médicos que não apenas dopa, mas também se dopa.

Promover saúde é promover vida. E a vida começa pela escuta da vida. É o que faço como contadora de histórias reais. Mas quando as pessoas me mostram uma lata de comprimidos, que todos tomam, da criança mais nova ao avô, não é de mim que elas precisam. Para não me sentir impotente, escrevo este texto. Na esperança de que alguém me escute."

Eliane Brum, eu escutei e tenho a certeza que alguns dos meus leitores também! Muito obrigado pelo seu precioso testemunho!

Para invertermos esta tendência perversa, cada um de nós tem que mudar de atitude e dar o seu pequeno contributo para que consigamos ter uma verdadeira gestão da saúde em prol das populações e não uma gestão da doença que apenas privilegie os interesses de alguns!

Abraços saudáveis

sábado, 25 de julho de 2009

"A arte de viver mais e melhor"

Li hoje o seguinte na revista NS (do Diário de Notícias):

"OS AVANÇOS da medicina e a melhoria das condições sanitárias aumentaram em 11 anos a longevidade das pessoas, mas o maior desafio que se coloca agora à ciência é conseguir proporcionar uma felicidade e uma qualidade que justifiquem essa soma de anos à esperança média de vida. Os especialistas dizem que não há nada como ler e praticar actividades intelectuais diversas, comer bem, declarar guerra ao sedentarismo, relacionar-se com os amigos e combater o stress, a depressão e a ansiedade para viver mais e melhor. A saúde e a alegria justificam em pleno os anos ganhos para a vida."
AP.

Eu sei que você, leitor, já tem noção de tudo isto, mas a minha sugestão é que da lista de coisas a fazer atrás apresentada, escolha uma ou duas para começar (se for daqueles muitos que ainda não melhoraram os respectivos estilos de vida) e pratique-as com energia positiva.

Abraços saudáveis

sábado, 18 de julho de 2009

"Peixe e fruta para crianças inteligentes" (1a parte)

Na REVISTAÚNICA do Expresso de hoje, vem um artigo muito interessante com o título mencionado em epígrafe. Como não consigo encontrar o respectivo link, deixo-vos alguns trechos mais interessantes, sugerindo a leitura do texto completo para aqueles que se preocupam com a boa saúde dos filhos.

"Ter filhos saudáveis, mas também inteligentes e com bom desempenho escolar, é o sonho de todos os pais. A solução pode estar nos alimentos.

(...) o que é preciso para que o cérebro funcione bem? A resposta passa por uma alimentação correcta, capaz de potenciar as capacidades da criança ou adolescente. É (...) convicção de vários nutricionistas, entre os quais o britâtino Patrick Holford, autor de "Alimentação Ideal para Crianças Inteligentes", (...).

(...) salienta [Holford, a propósito do cérebro] que o que lhe é fornecido como alimento, em conjunto com o que aprende, contribui para o seu desenvolvimento. E é neste capítulo que o autor defende que a nutrição ideal depende de cinco alimentos. Em primeiro lugar, o equilíbrio de açúcar no sangue, o "supercombustível do cérebro". Deve evitar-se a ingestão de hidratos de carbono refinados, ou de absorção rápida (como bebidas gasosas, bolachas ou até pão branco com compota), já que fazem disparar os níveis de açúcar no sangue, daí resultando , mais tarde, uma grande quebra de energia.

Os bons substitutos são, segundo o especialista, os hidratos de carbono complexos, ou de absorção lenta, como os cereais integrais , os vegetais e os feijões. O pequeno almoço é uma refeição essencial. Como diz a nutricionista Paula Veloso, "sabe-se há muito tempo que a omissão do pequeno-almoço origina uma falta de atenção e concentração que se reflecte não só no rendimento escolar e na produtividade como no estado de cansaço e no humor". Acrescenta ainda que a glicose no sangue de uma criança que não faça esta refeição origina irritabilidade, o que pode "criar um mau clima na saula de aula".
Também os ácidos gordos essenciais (...) são fundamentais para o cérebro e Holford atribui-lhes grande importância quando o que se pretende é tirar todo o partido das capacidades cognitivas. Segundo o nutricionista, os ómega 3 e ómega 6 [sobre o ómega 6, principalmente para quem come carne regularmente, eu acredito que até consuma demais!] promovem a saúde mental, já que a carência pode resultar em depressão, dislexia, hiperactividade com défice de atenção, fadiga, problemas de memória e mesmo autismo. O autor lamenta a actual "fobia às gorduras", que classifica de boas e más, e garante que as primeiras, ou seja os ómega [eu diria mais o ómega 3!] devem ser consumidas sem receio. "

continua na terça feira (amanhã já tenho previsto escrever um artigo sobre a felicidade)

Abraços saudáveis

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Escolha 1 ou 2 itens e pratique

Ao ler o artigo publicado no site BemStar da Globo (clique aqui para o ler na integra) , preparava-me para considerá-lo apenas mais um resumo de comportamentos que podemos ter para evitarmos cair num estado de depressão, mas acabei por querer publicá-lo aqui fazendo a seguinte sugestão:

Escolha 1 ou 2 itens e pratique-os de uma forma sustentada. Vai ver que se vai sentir melhor e com vontade de, gradualmente e com prazer, incluir outros dos 12 tópicos ao seu novo Estilo de Vida.

Acredito que, para quem (ainda) tem hábitos menos saudáveis, se "assuste" com tantas mudanças simultâneas e acabe por não fazer nenhuma, mas agarrar em uma ou duas numa primeira fase, é perfeitamente possível e não deve encontrar desculpas para nada fazer.

Boas decisões e,

Abraços saudáveis


domingo, 7 de junho de 2009

"O passado não dá futuro"

E mais uma excelente mensagem escrita pela Laurinda Alves (retirada do livro XIS ideias para pensar), que poderá ajudar alguns dos meus leitores a olhar para a frente com os consequentes benefícios relativamente à sua própria Qualidade de Vida e à daqueles com quem mais convive e mais se preocupam com ele (ela)!

"Remoer coisas do passado, deixar-se prender por mágoas ou ressentimentos, ficar a atormentar-se com os erros e viver obcecado com aquilo que nunca mais volta não é, definitivamente, a melhor maneira de existir.

Ficar preso ao passado é uma expressão eloquente na medida em que define, à partida, a condição de prisioneiro, de alguém que vive amarrado a qualquer coisa que o deixa sem liberdade ou margem de manobra.

Ficar preso ao passado é isso mesmo, é ficar de pés e mão atados sem conseguir dar um passo em frente.

Acontece-nos a todos atravessar fases em que o passado tem muito mais peso do que o presente, alturas da vida em que a única certeza que temos é aquilo que já vivemos. É natural que assim seja e é, até saudável acumular memórias para recordar quando vier a propósito.

O que se torna doentio e pode revelar-se um verdadeiro atraso de vida, é transformar o passado em presente e, em casos agudos, deixar que seja o passado a servir de molde ao futuro.

Muitas pessoas carregam consigo um enorme fardo onde se misturam experiências, sentimentos e emoções vividas mas onde prevalece claramente a vontade de recuperar aquilo que jamais voltará.

Manter viva a memória das coisas e das pessoas que amamos é essencial, dá outra poesia à vida e implica uma atitude construtiva. Sábia porventura. Já a tendência para desejar permanentemente que o tempo volte para trás é um comportamento redutor e muito pouco saudável.

Muitas pessoas foram ricas durante grande parte da sua vida e, um dia perderam tudo; muitos viveram anos a fio com as pessoas que verdadeiramente amavam e, de repente, perderam-se para sempre; muitos estiveram "em alta" e, por força de circunstâncias várias passaram a estar "em baixa" e por aí adiante, Os exemplos podiam suceder-se até ao infinito porque, na verdade, seja por acidente morte, doença, sorte ou azar todos perdemos e ganhamos e todos vamos acumulando um passado. A única certeza que temos é que só arrumando bem este passado individual seremos capazes de viver bem o presente e olhar o futuro com confiança.

Arrumar o passado não quer dizer esquecer e, muito menos, apagar ou fingir que nunca existiu. Pelo contrário, arrumar quer dizer isso mesmo. Significa deitar mãos à obra, olhar para cada coisa, pegar-lhe com cuidado e atribuir-lhe, primeiro, uma importância e, depois uma gaveta. Como um sotão que se arruma mantendo intactas todas as peças e, até alguma poeira que com o tempo se acumulou. Ninguém deve limpar o chão de um sotão antigo com baldes de lixívia e uma escova dura. Um sótão bonito e cheio de preciosidades arruma-se com muito cuidado, resistindo à tentação de varrer as sobras para um canto ou, pior, para debaixo do tapete. Separa-se o que não interessa ou já não tem utilidade e deita-se o lixo no lixo. É exactamente isso que devíamos fazer com o nosso passado. Separar o que não interessa, arrumar muito bem nas gavetasos pequenos e grandes tesouros e deitar o lixo no lixo. Só assim o passado pode dar futuro."

Abraços saudáveis,

sexta-feira, 5 de junho de 2009

"treine a mente e mude o cérebro" (1a parte)


Da interessantíssima leitura do livro "treine a mente e mude o cérebro" de Sharon Begley, retiro alguns trechos (ao longo do tempo voltarei a este livro!) que deixam claro aquilo que a nossa mente (pensamento), pode fazer pelo cérebro.

Gostava muito que os meus leitores tivessem a noção que também temos que fazer "ginástica" regular com o nosso cérebro (de uma forma adequada) para que ele próprio se torne mais saudável e possa gerar impactos muito positivos na nossa Qualidade de Vida:

"(...) O cérebro pode, de facto, ter seus circuitos alterados. Pode expandir a área conectada para mexer os dedos, formando novas conexões para sustentar a destreza de um exímio violonista. Pode ativar fios condutores há muito tempo inativos e passar novos cabos, como um eletricista que reforma o sistema elétrico de uma velha casa, de modo que regiões que antes viam possam, em vez disso, sentir ou ouvir. Pode silenciar circuitos que antes crepitavam com as actividades aberrantes que caracterizam a depressão, e cortar conexões patológicas que mantêm o cérebro no estado ó-meu-deus-há-algo-errado que caracteriza o transtorno obsessivo-compulsivo. Em resumo, o cérebro adulto mantém grande parte da plasticidade do cérebro em desenvolvimento, inclusive o poder de consertar regiões danificadas; de criar novos neurônios; de rearranjar regiões que antes desempenhavam determinada função, para assumirem uma nova tarefa;
(...)
Igualmente revolucionária é a descoberta sobre como o cérebro muda. Nossas ações podem literalmente expandir ou contrair diferentes regiões do cérebro, derramar mais fluídos em circuitos silenciosos e reduzir a irrigação em outros mais barulhentos.
(...)
a própria estrutura de nosso cérebro (...) reflete a vida que levamos. Como areia de uma praia, o cérebro guarda as pegadas das decisões que tomamos, das capacidades que desenvolvemos, das ações que realizamos.
Mas também há indícios de que a modificação da mente pode acontecer sem qualquer interferência do mundo externo. Ou seja o cérebro pode mudar de acordo com os pensamentos que nós temos.
(...)
Pensando de maneira diferente sobre pensamentos que ameaçam enviá-los de volta ao abismo do desespero, pacientes com depressão produziram atividade numa região do cérebro e silenciaram outra, reduzindo o risco de recaída. Algo tão aparentemente sem substância quanto um pensamento tem a capacidade de agir de volta diretamente ao cérebro, alterando conexões neuroniais de uma maneira que pode levar à recuperação de uma doença mental e, talvez, a uma capacidade maior de empatia e compaixão."

Já imaginaram, com esta nova percepção, aquilo que podemos fazer com o nosso cérebro?

Abraços saudáveis,

sexta-feira, 17 de abril de 2009

"Comer porcarias deixa as crianças (...) felizes!"


A revista Época publicou um artigo intitulado "Comer porcarias deixa as crianças mais gordas, mas felizes", (podem acessá-lo na íntegra clicando aqui), cuja leitura me leva a colocar as seguintes questões:

- até que ponto algumas destas "porcarias", já causam dependência nas nossas crianças?
- será que nós pais, dependemos destas "porcarias" para conseguirmos fazer com que os nossos filhos sejam naturalmente felizes (de uma forma sustentada!), sem o risco de entrarem em depressão?
- como classificarmos, do ponto de vista ético e até legal, os responsáveis pela produção e publicidade que incentivam as nossas crianças a comerem algo que lhe faz mal, mas passando mensagens publicitárias que, de forma inequívoca, deixam parecer que o consumo regular dessas tais "porcarias", está a contribuir para um verdadeiro Bem-Estar daquelas?

Pais, não deixem os vossos filhos viverem uma falsa felicidade!

Nota: acho importante mencionar que a ingestão esporádica destas tais "porcarias", não tem qualquer problema, mas infelizmente, a realidade dos números, nos diz que a tendência é para que uma dieta "normal", contenha um percentagem demasiado elevada (e crescente!) daquelas.

Abraços saudáveis,

sábado, 22 de novembro de 2008

Depressão – exame de sangue – Ômega 3

O site UOL Ciência e Saúde divulgou “Um estudo realizado na Itália e coordenado pelo médico Massimo Cocchi, professor da Universidade de Bolonha e presidente da ARNA (Associação italiana de Pesquisadores em Nutrição e Alimentos) [que] sugere que é possível diagnosticar a depressão a partir de um exame de sangue simples e barato.”

Abaixo alguns trechos do artigo que poderá ser lido clicando aqui.

Cocchi relata que a análise clínica é feita a partir das plaquetas consideradas “embaixadoras” dos neurônios: os lipídios presentes nessa parte do sangue espelhariam o que existe nas células cerebrais, indicando a presença da depressão.

"A comunicação entre as células é gerenciada por neurotransmissores; a recepção das mensagens ocorre através das membranas celulares, que estão ligadas à estabilidade do humor. Se as células perdem uma das suas principais características, a fluidez, esse equilíbrio se desfaz e podemos ser levados aos altos e baixos emocionais ou à síndrome depressiva", diz o médico.

As investigações do italiano revelaram que o ácido graxo envolvido nessa estabilidade é o araquidônico (AA), ácido graxo essencial, da família do Ômega 6. Dependendo dos seus diferentes níveis, é possível estabelecer se um indivíduo é são ou se está deprimido. "O excesso de AA é um fortíssimo indício do estado depressivo do paciente, podendo indicar até a possibilidade de suicídio", alerta.

Ele acrescenta que a descoberta esclarece a relação existente entre depressão e doenças cardiovasculares (arteriosclerose, infarto ou cardiopatias), pois o AA favorece os processos inflamatórios que desencadeiam essas enfermidades.
(...)
A surpresa foi identificar entre os jovens esportistas 26,7% de alto risco de depressão, confirmando os estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o assunto (mais de 20% dos jovens sofrem com doenças de natureza psicológica, e o suicídio está em terceiro lugar no ranking das causas de mortes nesse grupo em muitos países).

Na Itália, um milhão e meio de pessoas sofrem com a depressão, enquanto são mais de cinco milhões os que tiveram um evento da doença ao longo da vida. Entre as crianças, seis em cada 1.000 são afetadas. Para Cocchi, sua descoberta tem importância porque servirá como instrumento de prevenção, especialmente entre idosos, mulheres (grávidas) e adolescentes.

O trabalho será oficialmente apresentado ao Ministério da Saúde italiano no próximo mês de dezembro, mas já conta com o apoio do Nobel de Química Kary Mullis, que foi à Itália a convite de Cocchi para avaliação bioquímica da descoberta. Mullis declarou que a pesquisa é revolucionária: "Basta pensar que com essa metodologia será possível saber se um paciente tem intenção de suicidar-se. Trata-se de uma revolução do ponto de vista filosófico, médico e religioso".

Dieta preventiva

Por ser também especialista em dietologia e alimentos, Cocchi sugere uma dieta preventiva para a depressão. Ela deve ser do tipo mediterrânea, rica em antioxidantes: frutas, verduras, ácidos graxos polinsaturados ômega 3, presentes nos peixes, além de chocolate, café e vinho tinto. Além disso, ele recomenda uma redução do consumo de carne vermelha, que é rica em AA. A vitamina E (presente no azeite de oliva) é outro componente fundamental, protegendo células ameaçadas pelo AA, segundo ele.
(...)
"Eu [psiquiatra Alexandrina Meleiro] nunca pediria um exame relacionado com o AA. Mas o bom profissional deve sempre solicitar exames laboratoriais nos casos de depressão. Se o estudo for confirmado, teremos mais um exame importante à disposição."

Abraços saudáveis,

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Humildade e união são importantes para conseguirmos resultados!

De vez em quando gosto de reler artigos de um passado recente, para comparar "realidades" em momentos diferentes e ou comparar previsões feitas na altura com o que realmente aconteceu. É um hábito engraçado que nos proporciona momentos "interessantes".

Mas desta vez, descobri um artigo que na altura me tinha escapado, publicado na revista Veja de 18 de abril de 2007, intitulado "FAZER REGIME ENGORDA".

O seu conteúdo não contém nenhuma novidade para os meus leitores, mas nas últimas linhas podemos ler o seguinte:

"E manda um um recado [o endocrinologista Geraldo Medeiros] para Traci [professora de psicologia e autora da pesquisa em causa] e demais pesquisadores: "Esses psicólogos deveriam cuidar da depressão, transtornos compulsivos, e deixar que os médicos especialistas cuidem das dietas"."

A epidemia atual do sobrepeso e da obesidade, no mínimo, deixa claro que nem os "especialistas" estão conseguindo levar as pessoas a mudarem o seu Estilo de Vida.

Por outro lado, é óbvio que as conclusões da pesquisa estão certas, quando afirmam que muitas pessoas que fazem regime (perder peso a qualquer custo, o que é muito diferente de fazer uma reeducação alimentar sustentada!), emagrecem num primeiro momento, mas é só pararem que engordam tudo novamente e pior, ainda acabam por engordar mais. É algo relativamente fácil de explicar, uma vez que durante o regime, para além da massa gorda, acabamos por perder massa magra (músculo) que entre outras funções, nos ajudava a queimar calorias.

Por isso, Dr. Geraldo Medeiros, acredito que para vencermos a guerra contra o sobrepeso e a obesidade (que, como sabe bem melhor que o signatário, tanto contribuem para o aparecimento do diabetes, pressão alta, etc) , é importante sermos humildes e nos unirmos em volta desta causa, até porque, com certeza, a boa gestão do stress, da depressão e outros problemas de foro psicológico, são de uma mais valia enorme que não pode ser subestimada e muito menos repudiada.

Mas caros leitores, tenho esperança, que tal como eu, o Dr. Geraldo Medeiros, já tenha caído em si e hoje, novembro de 2008, seja um exemplo a seguir por qualquer bom profissional de saúde!

Abraços saudáveis,


sábado, 11 de outubro de 2008

Coerência Cardiaca é fundamental para a nossa saúde - parte 2

"Entre o nascimento, quando é maior, e o momento que antecede a morte, quando é mais fraca, a variabilidade de nosso ritmo cardíaco decresce 3% ao ano. Isso significa que a nossa fisiologia perde a sua flexibilidade pouco a pouco e acha cada vez mais difícil se adaptar às variações em nosso ambiente físico e emocional. Essa perda de variabilidade é um sinal de envelhecimento. Quando a variabilidade declina, isso se deve em parte, ao fato de não estarmos mantendo nosso breque fisiológico, o "tônus" saudável de nosso sistema parassimpático. Como um músculo que não é usado, esse sistema atrofia progressivamente com o passar dos anos. Enquanto isso, nós jamais paramos de usar nosso acelerador - o sistema simpático. Assim, após décadas operando desse modo, nossa fisiologia se assemelha a um carro que consegue, de repente ganhar velocidade ou descer na banguela, mas que se tornou virtualmente incapaz de se ajustar a curvas na estrada. O declínio na variabilidade do ritmo cardíaco se correlaciona com todo um conjunto de problemas associados ao stress e ao envelhecimento: pressão alta, insuficiência cardíaca, complicações derivadas da diabetes, infarto do miocárdio, arritmias, morte súbita e até câncer.(...)
Quando a variabilidade cessa, quando o coração não mais responde às nossas emoções e, especialmente, quando ele não pode mais "desacelerar" adequadamente, a morte está próxima.

Um dia na vida de Charles(quarenta anos, gerente de uma importante loja de departamentos e que há meses vem sofrendo de palpitações e que concordou em gravar a variabilidade do seu ritmo cardíaco durante 24 horas):

11horas da manhã - calmo, concentrado e eficiente, estava escolhendo fotos para um catálogo. Seu ritmo cardíaco demonstrava uma coerência cardíaca saudável. Então ao meio dia, seu ritmo cardíaco virou um caos, além de ter aumentado cerca de doze batidas por minuto. Naquele exato momento, ele estava se dirigindo ao escritório do presidente. Um minuto depois, seu coração batia ainda mais rápido e era o caos total. Esse estado prevaleceu durante duas horas: tinham acabado de lhe dizer que a estratégia de desenvolvimento que passara algumas semanas preparando era "inútil".
Na sua sala, o caos cessou e deu lugar a uma relativa coerência. Naquele momento, Charles estava ocupado revisando um projeto no qual acreditava muito. Em um engarrafamento a caminho de casa, sua irritação acarretou outro episódio de caos. Em casa, ele abraçou a esposa e filhos, e isso foi seguido de uma fase de dez minutos de coerência. Porque somente dez minutos? Porque depois disso Charles ligou a televisão para assistir ao noticiário."

Caros leitores, vão comparando a história do Charles com o vosso dia a dia para podermos chegar a algumas conclusões!

continua...

Abraços saudáveis

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Coerência Cardiaca é fundamental para a nossa saúde - parte 1


Depois do meu comentário de ontem, volto então a escrever um pouco sobre "coerência cardíaca", socorrendo-me do médico David Servan-Schreiber no seu livro CURAR.

"(...) o stress é possivelmente um fator de risco muito maior para as doenças cardíacas do que o fumo. Também descobriram que um episódio de depressão seis meses antes de um infarto do miocárdio é um indicador mais acurado de risco de morte do que a maioria de outros exames cardiológicos.
Quando o cérebro emocional não está funcionando bem, o coração sofre e se desgasta. Mas a mais espantosa descoberta de todas é que essa relação funciona em mão dupla. O funcionamento correto do nosso coração acaba por influenciar nosso cérebro também.(...)
Um método simples e eficaz disponível para todos nós parece criar as condições essenciais para que haja harmonia entre o coração e o cérebro. (...) Para compreender como ele funciona, primeiro precisamos examinar, como o sistema cérebro-coração funciona. (...)
O sistema nervoso autônomo é constituido de dois ramos, começando no cérebro emocional e se espalhando pelo corpo. O ramo "simpático" libera adrenalina e noradrenalina regulando as reações de "luta ou fuga". Sua atividade acelera o coração. O outro ramo, chamado parassimpático, libera um neuro transmissor diferente, que promove estados de relaxamento e calma. Ele faz o coração bater mais devagar.
Nos mamíferos, esses dois sistemas - o acelerador e o breque - estão constantemente em equilíbrio.(...)
Para negociar as guinadas imprevisíveis da existência,precisamos tanto do breque como de um acelerador. Eles precisam estar funcionando muito bem, e têm de ser igualmente fortes para se contrabalançar caso a necessidade ocorra.
De acordo com o pesquisador norte americano Stephen Porges, PhD., da Universidade de Maryland, o equilíbrio delicado entre os dois ramos do sistema nervoso autônomo possibilitou aos mamíferos desenvolver relações sociais cada vez mais complexas no curso da evolução. As mais complexas entre elas parecem ser os relacionamentos amorosos, sobretudo a fase particularmente delicada do namoro. Quando um homem ou uma mulher, por quem estamos interessados, olha para nós e o nosso coração começa a bater loucamente, ou ruborizamos, é porque nosso sistema simpático pisou no acelerador, talvez demais. Se inspirarmos profundamente para recuperar nosso equilíbrio e continuar a conversa, acabamos de pisar ligeiramente no breque parassimpático. Sem estes ajustes constantes, o namoro seria caótico. Esse é o caso com adolescentes que têm dificuldade em dominar o equilíbrio de seu sistema nervoso central."

continua....

Abraços saudáveis,

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Ser cauteloso em excesso não cura ninguém (pelo contrário!)

No meio desta turbulência pela qual passa a economia global, queria escrever algo sobre uns exercícios que todos podem fazer para maximizarem a probabilidade de conseguirem ter uma coerência cardíaca (variação normal e saudável dos batimentos do coração) que tanto contribui para a manutenção de um equilíbrio saudável, nestes momentos de alto stress para muitos.

Para além dos livros que tenho em casa, fiz a minha pesquisa no Google (uma das ferramentas que me permite viver no meio do campo!!!) e foi muito curioso ler os comentários de alguns médicos "cautelosos" num artigo da Folha de São Paulo do ano de 2003 (para ler o artigo na íntegra, clique aqui:

Os métodos de autocura (...) ainda são encarados com ceticismo pela comunidade médica brasileira. "(...) técnicas de relaxamento e exercícios físicos são abordagens muito saudáveis, mas inespecíficas. Não dá para dizer que são tratamentos para depressão ou para transtornos de ansiedade", afirma Luiz Alberto Hetem, 41, psiquiatra e professor de pós-graduação em saúde mental da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.

"(...) não há como avaliar um método de cura apenas com resultados "do tipo 'eu tenho tratado pacientes assim e isso tem funcionado'", além de, é claro, existir a necessidade de um diagnóstico preciso sobre a gravidade de cada quadro.

Para Antônio Carlos Camargo de Carvalho, 56, cardiologista e coordenador do curso de pós-graduação da área na Unifesp, é quase uma utopia tentar que um cidadão do mundo moderno, voluntariamente, consiga coordenar seus batimentos cardíacos com toda a agitação que o rodeia. Nos casos de estresse, ele acha que o coração merece mais cuidados que exercícios respiratórios. "Alguns dos meus pacientes fazem ioga, exercícios de relaxamento. Tudo isso é benéfico, mas não é e nunca seria o tratamento único."

Ou seja, pela leitura do artigo em causa (e tantos outros!) a mensagem leva obrigatoriamente a que muitos leitores nem tentem, por exemplo, respirar melhor porque nem os médicos acreditam nisso.

As perguntas/comentários que faço são os seguintes:

- fazer exercícios simples de respiração tem alguma contra-indicação? Ninguém diz que só por se respirar melhor as pessoas se curam, mas que ajuda ao tal equilíbrio, é uma verdade incontestável há muito e muitos anos.

- por que ir pelo lado da dúvida em vez de incentivarmos a pouco e pouco, as pessoas a acumularem bons hábitos onde a sinergia entre eles é que vai fazer a diferença? Por esse raciocínio, os mesmos médicos deveriam colocar em causa a importância de caminharmos ou bebermos água porque "é quase uma utopia tentar que um cidadão do mundo moderno, voluntariamente, consiga" estar saudável só com estas duas coisas!

Humildemente falando, sugiro a todos os médicos "mais cautelosos" a se debruçarem mais sobre os resultados concretos da chamada medicina tradicional e a incentivarem os seus pacientes a adotarem práticas que, no mínimo, não terão qualquer efeito colateral e quem sabe, junto com um novo Estilo de Vida, os consigam colocar no patamar dos considerados cidadãos saudáveis.

Ser cauteloso em excesso não cura ninguém (pelo contrário!). Vamos juntar o conhecimento científico com o Bom Senso que técnicas milenares nos ensinaram a ter.

Abraços saudáveis