sexta-feira, 2 de julho de 2010

"Levar a sério os enjoos na gravidez"


No jornal Destak do passado dia 30 de Junho, a directora Isabel Stilwell, escreveu sobre um tema que, todos nós, mas especialmente os médicos e nós homens, precisamos gerir melhor e fazer a nossa parte. Ao publicar o seu artigo, estou a dar o meu pequeno contributo nesse sentido!

"As grávidas continuam a ser as maiores vítimas dos tabus com que todos nós, homens e mulheres, continuamos a rodear a ideia de mulher, sobretudo a da mulher-mãe. Demasiado
cristalizados por dentro para podermos entender que todas as coisas boas têm sempre lados maus, sem deixarem, por isso, de ser maravilhosas, endeusámos aqueles nove meses de espera e proclamámos que o “parirás com dor” era um designío divino, como se o sofrimento fosse condição imprescindível ao milagre. Ainda me lembro de há 20 anos ter feito uma reportagem na Maternidade Alfredo da Costa, para constatar que as mulheres que recebiam uma muito desejada analgesia para o parto imploravam aos médicos que não revelassem a “fraqueza”
aos maridos. Não queriam que eles soubessem, diziam, “que não tinham sido suficientemente mulheres para aguentar a prova de que mereciam ser mães. Não lhes passava pela cabeça
(será que agora passa?) nem a elas, nem aos maridos, nem tão pouco à medicina, perguntar por que é que, então, se arrancavam dentes com anestesia...

Os enjoos na gravidez são outro dos “episódios” reduzidos a simples incómodo de percurso. Aliás, o único medicamento que atenua os sintomas tem, pelo menos, 50 anos e quem é que duvida que, se fossem os homens a engravidar, por esta altura a indústria farmacêutica já teria inventado trezentos remédios para os eliminar? Felizmente os tempos estão a mudar, provavelmente com a ascensão das mulheres a lugares de decisão no mundo da ciência.
Prova disso é a decisão da Sociedade inglesa de Obstetrícia de agendar o tema para um debate universitário. Alertam os médicos que as náuseas e vómitos são insuportáveis e graves em muitas gravidezes, provocando depressão e levando 2% das mulheres ao internamento hospitalar. Apelam, por isso, a que os médicos os levem a sério, e os cientistas investiguem as causas e procurem tratamento. Finalmente."

Abraços saudáveis

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