terça-feira, 29 de maio de 2007

Cadê o cálcio que estava aqui? (leitura obrigatória para os PAIS e RESPONSÁVEIS DE RH) - artigo publicado na última Revista VEJA


O artigo abaixo, dispensa comentários, especialmente para os pais e responsáveis de RH (que queiram reduzir custos com a sinistralidade das apólices de seguro de saúde corporativas das respectivas empresas).
Saúde (Adriana Dias Lopes)
Cadê o cálcio que estava aqui?
A falta do mineral na dieta dos jovens brasileiros preocupa os médicos. Num futuro próximo, essa carência pode aumentar a incidência de osteoporose.

Doença típica de mulheres na menopausa, a osteoporose entrou para o rol das preocupações dos pediatras. O motivo é que, essencial para a formação de um esqueleto forte, o cálcio praticamente desapareceu da dieta das crianças e adolescentes brasileiros. Se nada for feito para reverter esse quadro, os especialistas prevêem uma epidemia de ossos fracos num futuro bem próximo. A baixa ingestão do mineral na juventude aumenta em 20% o risco de osteoporose na idade adulta. "É urgente, portanto, mudar os hábitos alimentares de nossos jovens", diz a endocrinologista Marise Lazaretti Castro, diretora do departamento de doenças osteometabólicas da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Alguns médicos, inclusive, já indicam a suplementação do mineral para seus pacientes, especialmente as meninas, a partir dos 10 anos.

Os cuidados tomados na juventude são cruciais para a manutenção de ossos saudáveis. Mais de 90% de todo o cálcio a ser usado ao longo da vida é estocado pelo organismo até o final da adolescência. "Depois disso, o tecido ósseo não absorve mais o mineral com a mesma eficiência", diz a médica Marise. Um dos poucos levantamentos feitos no país para medir o teor de cálcio na dieta das crianças e adolescentes foi conduzido pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. A ser apresentado em outubro durante o congresso anual da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, o estudo reforça a necessidade de mudanças drásticas no cardápio dos jovens. Para garantir a saúde dos ossos até a velhice, é necessário ingerir, entre os 10 e os 18 anos, 1 300 miligramas de cálcio todos os dias, o equivalente a cinco copos de leite. A média de nossos meninos e meninas atualmente é de apenas 600 miligramas -- metade do que se consumia duas décadas atrás.

A falta do mineral na dieta dos jovens é conseqüência da profunda mudança de hábitos alimentares ocorrida nos últimos anos. "Infelizmente, as crianças perderam o costume, por exemplo, de tomar um copo de leite antes de dormir", diz o pediatra Marcelo Reibscheid, do Hospital São Luiz, em São Paulo. Pode parecer bobagem, mas um copo de leite a mais por dia faz muita diferença na construção de um esqueleto vigoroso. O leite é a principal fonte de cálcio. Entre 1987 e 2003, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo do alimento caiu 34%. O de refrigerante, no mesmo período, cresceu 65%. O cálcio também saiu das mesas brasileiras quando os grãos e verduras perderam espaço para os salgadinhos e lanches fast-food. Além disso, as refeições à mesa, com a família reunida, deram lugar, na maioria das vezes, a uma atividade solitária e apressada, diante da televisão ou do computador -- o que significa menos supervisão do que a moçada anda comendo.

Médicos do Hospital das Clínicas, de São Paulo, avaliaram os hábitos alimentares de garotas entre 10 e 20 anos. De cada 100 meninas, 75 faziam, no máximo, duas refeições por dia. "A falta de tempo e a preocupação com dietas de emagrecimento fazem com que a refeição mais sacrificada por essas jovens seja o café-da-manhã, justamente onde a oferta de cálcio é maior", diz o pediatra Mauro Fisberg, especialista em nutrição. A estudante Anne Coimbra, de 10 anos, freqüentemente vai para a escola de manhã sem colocar nada na boca. "Para que perder tempo comendo em casa? Prefiro dormir até um pouco mais tarde e comer um lanche no recreio", diz ela.

A carência de cálcio na dieta de Anne alarmou o seu médico. Ele recomendou incrementar a alimentação com leite e derivados, mas a garota não se convence: "Meu sonho seria almoçar e jantar comida japonesa e só tomar refrigerante". O (pouco) cálcio que Anne consome exige que sua mãe, Adriana, se desdobre em invenções. O leite servido à menina vem sob a forma de milk-shake e o queijo, disfarçado no meio do bolinho de carne, tem de ser bem picadinho para que ela não sinta o gosto. Garantir ossos fortes para Anne é uma dureza para Adriana.

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