segunda-feira, 10 de novembro de 2008

"(...) não é nada de grave, porque 80% da população [brasileira] também tem este problema"

Um amigo nosso foi na semana passada mostrar os resultados de uma endoscopia que fez (estava com uma Gastrite enantematosa antral de leve intensidade) a uma gastroenterologista (do grego gastro= estômago + entero = intestino), supostamente uma especialista médica no estudo, diagnóstico e tratamento clínico das doenças do aparelho digestivo.

Alguns fatos da consulta:

- durou cinco minutos (consulta marcada através de um plano de saúde)
- a médica disse ao meu amigo que não é nada de grave, porque 80% da população [brasileira] também tem este problema
- as causas são o stress e a má alimentação
- à questão colocada pelo meu amigo sobre o que não poderia comer, a médica respondeu: "na verdade não era a alimentação, eram os temperos"
- aí, o meu amigo perguntou-lhe, quais os temperos que teria que evitar e recebeu como resposta: "na verdade nem são os temperos, é aquilo que você come quando está stressado"
- já meio incomodado com a postura da médica, o meu amigo perguntou o que deveria fazer, quando voltasse a ter dores: "quando tiver dores tome o Omenprazol ou [um outro que o meu amigo não recorda o nome]

Poucas mais palavras trocaram, mas acredito que fica claro para os meus leitores que:

- estamos perante um caso (até que ponto representa a realidade das consultas no Brasil?) de total despreparo de uma suposta especialista que é paga para curar e ajudar os seus pacientes a mudarem os respectivos Estilos de Vida, para prevenirem futuras doenças

- a única sugestão que fez, foi o meu amigo continuar tomando Omenprazol (e um outro!) quando surgirem as dores (eliminar os sintomas e não as causas!!!)

- fala que o problema é alimentação e o stress, depois fala que dentro dos alimentos, o problema são os temperos e depois que o problemas destes é serem digeridos por pessoas com stress

- talvez, para esta "especialista", o cancêr também não seja um problema, já que há quem preveja que em 2020, uma em cada duas mortes, tenha como causa algum tipo de câncer (e se uma percentagem alta da população terá que conviver com este, então é porque o caso específico de alguém não é grave)

- o problema das estatísticas, quando se diz que "x" milhões de brasileiros já são assistidos por algum tipo de plano de saúde (e tantos milhões ainda nem a estes têm acesso!) , é que elas colocam no mesmo saco, quem é bem assistido (claro que existem muitos bons profissionais) e quem recebe um (des)acompanhamento destes.

Caro leitor, é importante que saiba fazer as perguntas certas ao seu médico e que deixe claro que quer sair da consulta com respostas que o façam sentir que está sendo bem orientado.

Vamos dignificar a classe médica, não aceitando ser (des)tratados por falsos especialistas, desmotivados com a rotina profissional do seu dia a dia.

Abraços saudáveis,


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