sábado, 21 de fevereiro de 2009

"Portugal e hipertensão arterial: uma relação fatal" (3a parte)

continuação...

"De pequenino se torce...
a hipertensão

A Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) parece ter encontrado uma fórmula de sucesso para convencer crianças e jovens a mudarem de comportamentos. Para o Dr. Pedro Cunha, da SPH, "o trabalho com as crianças passa por duas vertentes completamente distintas: a mudança de comportamentos e atitudes para que elas tenham uma vida futura mais saudável e, transformar essas crianças e jovens em aliados na transmisão de mensagem que queremos passar para os adultos".

Apesar do sucesso, o médico reconhece as vicissitudes de trabalhar com uma população-alvo tão especial:

"É bastante complicado convencer os jovens a ter um estilo de vida diferente daquele que estão habituados. A aposta tem de começar em idades mais tenras, por isso, temos tido acções de formação em escolas para crianças com idades entre os 5 e os 12 anos. Temos procurado passar a mensagem com a utilização de personagens que lhes são queridas e com as quais se identificam. Adaptamos a mensagem e o meio em relação ao destinatário, neste caso , as crianças, fazendo-as perceber a importância de fazer uma alimentação saudável e de praticar exercício físico."

Além desta opção de conjugar a mensagem e o meio ao seu destinatário, há também um outro método de sensibilizar uma população mais adolescente para esta mensagem.

"Uma forma de chegar aos adolescentes passa por mostrar-lhes exemplos de pessoas que eles conhecem e que sofrem de HTA, o que, realmente, não é difícil já que temos quatro milhões de hipertensos. Muitas crianças e jovens têm contacto, através de uma familiar ou de um conhecido, com as consequências da HTA", alerta Pedro Cunha.

Quando os jovens estão sensibilizados para esta realidade dos perigos da HTA tornam-se aliados valiosos.

"Basta lembrarmo-nos do efeito que a campanha do tabaco tem tido, com casos de pais a queixarem-se de que os filhos escondem os maços de tabaco ou lhes partem os cigarros. O objectivo é termos a mesma reacção e participação com a HTA."

O médico defende que "as crianças podem servir como veículos de informação e têm sido verdadeiros agentes de mudanças, nomeadamente no seio da familiar".

Assim, o especialista assume a convicção de que "estas duas vertentes de acção (motivar as crianças a mudarem os seus comportamentos e fazer delas aliadas na transmissão da informação), podem ser muito interessantes para quem que mudar a face da Saúde Pública nacional".

Caso contrário, as consequências para o nosso País podem ser bem complexas.

"Somos os campeões dos AVC na Europa Ocidental. Para mudar esta realidade temos de ir à sua génese e é aqui que entram as crianças. Vários estudos demonstram a co-relação que existe entre a obesidade infantil e o desenvolvimento de HTA. Atendendo a que os valores de pressão arterial nos jovens têm vindo a aumentar década após década e que os casos de obesidade infantil também têm disparado - num estudo divulgado pela União Europeia, Portugal foi apontado como um dos países com mais casos de crianças obesas dos 7 aos 11 anos - , o número de 4 milhões de hipertensos poderá vir a subir assustadoramente", alerta Pedro Cunha, em jeito de conclusão."

Abraços saudáveis

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