terça-feira, 7 de julho de 2009

"Não rumine mais sobre a gripe A"

Num momento em que já se fala que 2.500.000 portugueses irão contrair o vírus da gripe A, valha-nos o lúcido editorial da Isabel Stilwell, do jornal Destak.

"Não sei se faz parte do grupo dos que anda constantemente angustiado mas, se sim, é natural que os seus pesadelos, acordados e a dormir, tenham sido ontem à noite povoados pela gripe A, alimentados pela notícia da OMS de que nada vai parar esta gripe, com o Reino Unido a prever mais de 100 mil casos por dia, agravando-se a situação a partir de Setembro/Outubro. Menos ainda deve ter dormido, se ouviu alguns comentadores a dizerem que, por esta hora, as famílias já deveriam estar a «planear» a resposta à pandemia, definindo quem toma conta de quem, e que enlatados devem atolar a dispensa.

O pior é que os preocupados compulsivos nunca retêm o lado bom das informações, como por exem-plo aquela que revela que esta gripe, apesar da rapidez com que se espalha, é geralmente benigna e dos 700 mil já infectados só há a registar 300 mortes, enquanto apenas Portugal sofreu 1500 mortes causadas pela gripe 'normal' do Inverno passado. Não fazem de propósito, mas a verdade é que as boas notícias não colam tão bem como as outras.

Ao descrever estes angustiados, a revista Psychology Today compara-os a vacas. Não se ofenda, espere. A comparação surge porque, originalmente, ruminar referia-se apenas ao acto de mastigar incessantemente destes animais, mas hoje os dicionários definem o exacto mesmo termo como «preocupação excessiva ou doentia com uma mesma ideia ou decisão a tomar». Explica, ainda, que os ruminadores estão sinceramente convencidos de que este mascar de problemas os conduzirá a uma solução, o que não é verdade. Na maioria dos casos, cria apenas uma ansiedade paralisante e negativa.

Solução? Combater este vício com a mesma disciplina com que um atleta se obriga a fazer flexões num dia de calor, dizem os especialistas. E recitar para si mesmo, várias vezes ao dia, a frase de Van Wilders: «Aprendi há muito tempo que ruminar é como uma cadeira de baloiço. Ocupa-nos o tempo, mas não nos leva a lado nenhum.»

Ou, se preferir, cantarole o Que será, será, e dedique a sua energia a qualquer coisa mais positiva."


Cada vez mais me afasto do jornalismo sensacionalista que usa a (neste caso a falsa) tragédia para atrair audiência, bem como daqueles que beneficiam directamente com o desespero dos mais "fracos" e ou desinformados.

Abraços saudáveis (mais do que nunca)

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