sexta-feira, 25 de setembro de 2009

"E de repente já andam"


Começo por agradecer aos meus leitores, os simpáticos comentários sobre o artigo Como colocar uma criança de castigo? Gostava muito que os comentários fossem publicados directamente no Blog!

Hoje, ainda falando sobre crianças, chamo a atenção para a (falta de) gestão de prioridades que a sociedade e cada um de nós, continua a teimar em não conseguir/querer optimizar.

Para tal socorro-me de um artigo publicado no passado dia 23 deste mês, no jornal metro, com o título mencionado em epígrafe.

"Pais são cada vez mais ausentes e perdem crescimento dos filhos

Primeiros passos são testemunhados através de fotos e vídeos feitos pelas creches.

A vida agitada no trabalho, a acumulação de empregos para conseguir sobreviver ou a ânsia de ir mais longe na carreira[eu acrescentaria também uma deficiente gestão da logística nas grandes cidades] deixam, muitas vezes, os filhos para segundo plano.

Tendo em conta que as crianças passam cada vez mais tempo em creches e jardins-de-infância do que em casa, a máquina fotográfica é, nos dias de hoje, uma ferramenta indispensável para as educadoras.

A solução não é a melhor mas as fotos e vídeos disponíveis na internet são a alternativa possível para que os pais possam acompanhar a primeira vez que o filho falou ou se equilibrou em pé sozinho. Momentos históricos que, no corre-corre do dia-a-dia de outra forma lhes passaria ao lado.


Passo a passo.
"É oficial: Estou a andar com doze meses." A frase aparece registada no "Caderninho Vai e Vem" do bebé, onde uma foto colorida comprova a proeza assistida pela directora e educadora de infância da creche Jardim dos Catraios.

"Há uns pais que, quando chegam para vir buscar os filhos, parecem mais ansiosos em ver o caderninho. Querem saber o que é que aconteceu durante o dia", conta a directora da creche de Faro Cátia Girão.


No Jardim dos Catraios "há muitas crianças que ficam entre dez e doze horas por dia". Por isso, ali todos têm um "Caderninho Vai e Vem", em que as educadoras registam acontecimentos importantes [ estes caderninhos também existem em Escolas onde as crianças ficam um número de horas adequadas!] . A ideia partiu da directora que sabe que que é na creche que muitas vezes os bebés coemçam a comer sozinhos ou "decidem" trocar a fralda pelo bacio. E estes são momentos cada vez mais presenciados pelas educadoras e menos pelos pais, que pouco tempo passam com os filhos.


"O ideal seria que os pais pudessem acompanhar mais o filhos, que são um factor fundamental para o crescimento harmonioso da criança", lembra o padre Lino Maiam presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade Social.


No mundo de hoje, em que o dia parece não ter horas suficientes para se fazer tudo, as crianças são quem mais sofre com a vida agitada dos pais

Figura parental. O psicoterapeuta e neuropsicólogo Vasco Catarino Soares explica que frequentar uma creche tem as suas vantagens, uma vez que "proporciona à criança algum contacto com outras crianças de idades semelhantes e com outros adultos, o que ajuda ao desenvolvimento das relações extra família ou sociais". No entanto sublinha o especialista, "numa fase inicial da vida, a criança precisa muito mais dos cuidados, atenção e carinho das figuras parentais. Por isso dizemos que é positivo frequentar a creche mas que é muito mais importante o contacto com as figuras de cuidado mais próximas" (Raquel Madureira com Agência Lusa).


60 segundos com...

Isabel Empis

Que influência tem este afastamento dos pais, numa fase tão crucial para as vidas das crianças?

Da pior que há. Há crianças que vivem sempre com os pais em casa, mas em que a presença do pai e da mãe é "ausente".

Há falta de diálogo e falta de reconhecimento da presença da criança. Os pais têm de aprender - ou reaprender - a ter meia hora de prazer com as crianças. Olhar para elas, mas vê-las. Os tempos de hoje fizeram com que se substitua a intimidade pela eficácia.


O que aconteceu com aos avós? Perderam o seu papel no crescimento e nos primeiros passos dos netos para as creches?

O contacto com os avós, o contacto entre gerações, faz imensa falta às crianças para dar continuidade à transmissão dos valores. Hoje em dia vivemos numa sociedade que julga e na qual, antes da criança ser, já tem que parecer. (R.M)


12 hora por dia no infantário

Consequências. Passar demasiado tempo na creche pode deixar as crianças deprimidas, provocar sentimentos de abandono e baixa auto-estima. Os pedopsiquiatras defendem que seis horas diárias são o limite razoável, mas muitos meninos chegam a ficar o dobro.

Ao final do dia, os sitomas de muitas horas no infantário começam a revelar-se. "Estão cansados de nos ver, ficam irrequietos, começam a choramingar e a agredir-se uns aos outros", explica Marisa Duarte, educadora e directora da creche Beira-Rio Kids, onde a maioria das crianças passa dez horas por dia.


Deprimidas. Para o pedopsiquiatra Eduardo Sá, estes casos de "revolta" são os mais saudáveis. "Já as crianças que toleram tudo são, normalmente, as que já se cansaram de lutar: estão deprimidas", sustenta o especialista.

Defendo como limite razoável seis horas diárias, Eduardo Sá lembra que "dramaticamente" há muitas crianças que passam 12 horas numa creche. "Passam tempo de mais num berço, a olhar para um móbil que se movimenta num efeito hipnótico", lamenta o especialista.


Noite dentro.
Há creches que têm prolongamento de horário, outras funcionam por turnos e há até algumas onde as crianças podem ficar até à meia-noite ou toda a madrugada"


Vale a pena pensar sobre esta realidade e fazer algo sobre ela!


Abraços saudáveis

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