sábado, 12 de setembro de 2009

"É Preciso Prestar Atenção"

Tal como comentei no post "Pensar faz acontecer" , hoje vou publicar um segundo exemplo sobre o "poder da mente", retirado do livro de Sharon Begley, intitulado "treine a mente mude o cérebro", para que os meus leitores entendam melhor que vale a pena aproveitarmos melhor esta ferramenta com que nascemos [a mente!].

"Bilhões de neurônios são ativados o tempo todo porque uma mente consciente, alerta, é bombardeada por incontáveis estímulos sensoriais a cada segundo.
(...)
Sem atenção, as informações que nossos sentidos captam - o que vemos, ouvimos, sentimos, cheiramos e o gosto que sentimos - não são registradas literalmente na mente. Podem não ser sequer armazenadas por um breve momento na memória. O que você vê é literalmente determinado por aquilo que você presta atenção.
(...)
neurónios competem [entre si]
(...)
O que uma pessoa registra é determinado pela força do sinal, (...) por associações fortes (...) e pela atenção (...).
Prestar atenção é algo que fisicamente diminui a intensidade de neurônios que não sejam aqueles envolvidos no processo de focalizar o alvo de sua atenção.
(...)
A intensidade da atividade num circuito especializado numa tarefa visual em particular é amplificada pelo ato mental de prestar atenção àquilo no qual o circuito é especializado. Lembre-se, a informação visual que chega ao cérebro não mudou, O que mudou é aquilo no qual o macaco, ou a pessoa, está prestando atenção. A atenção, portanto, estimula a atividade neuronial. A atenção é real, no sentido de que assume uma forma física capaz de afetar a atividade física do cérebro.
A atenção é também, como se vê, indispensável para a neuroplasticidade. Em nenhuma situação isto foi mostrado mais intensamente do que numa das experiências de Mike Merzenich com macacos. Os cientistas criaram um aparelho que tocava os dedos dos animais cem minutos por dia, durante seis semanas. Ao mesmo tempo que essa dança bizarra acontecia sobre seus dedos, os macacos ouviam sons com fones de ouvido. A alguns dos macacos foi ensinado: preste atenção ao que você sente em seus dedos, assim como quando o ritmo dos toques mudar, porque quando mudar, recompensaremos você com um gole de suco; não preste atenção aos sons. A outros macacos foi ensinado: preste atenção ao som, e se você indicar quando ele mudar, ganhará suco. Ao fim de seis semanas, os cientistas comparam os cérebros dos macacos. É preciso assinalar que cada macaco - fosse treinado para prestar atenção ao que ouvia ou ao que sentia sobre os dedos - passou exatamente pela mesma experiência física: sons chegando pelo fone de ouvido e toques sobre os dedos. A única coisa que diferenciava um macaco do outro era aquilo no qual ele prestava atenção.

Geralmente , quando uma área da pele em particular começa de repente a receber uma quantidade incomum de estímulos, sua representação no córtex somatossensorial se expande. Foi o que Mike Merzenich descobriu em seus macacos. Mas quando os macacos prestavam atenção ao que ouviam, e não ao que sentiam, não havia mudança alguma no córtex somatossensorial - nenhuma expansão da região que lida com os estímulos de toques repetidos sobre os dedos. A única diferença entre os macacos cujos cérebros haviam mudado depois da estimulação tátil e aqueles cujos cérebros permaneciam os mesmos depois da estimulação idêntica era que os primeiros prestavam atenção nos toques . A atenção fora dada ao mesmo estímulo físico - a percepção dos toques sobre os dedos e o transformou de algo que tinha tanto poder de alterar o cérebro quanto a poeira de transformar uma estátua de bronze, em algo que pegava o material do cérebro e o tratava como massa modelar, esticando-o de um lado para o outro.

"Se você olha os neurônios na parte do cérebro que representa os dedos, naqueles macacos que prestaram atenção aos sons, embora seus dedos tenham sido estimulados, a região dos dedos não mudou", disse Helen Neville ao Dalai Lama. "Toda aquela estimulação não fez diferença alguma porque eles não estavam prestando atenção". Mas em macacos que prestaram atenção aos toques sobre os seus dedos, o estado da mente fez uma enorme diferença: a extensão da área cortical dedicada aos dedos dobrou ou triplicou.

A mesma coisa aconteceu com a audição. Nos macacos que prestaram atenção aos sons, a região do córtex auditivo que processa a frequência que eles ouviam aumentou. Porém nos macacos que ouviram exatamente os mesmos sons mas que prestaram atenção aos toques em seus dedos, o córtex auditivo não mostrou mudança alguma. "Esta é uma bela experiência porque está mostrando o claro efeito da atenção", disse Neville. "A estimulação foi a mesma. A única coisa diferente foi aquilo no qual os macacos estavam prestando atenção. Isso mostra que a atenção é muito necessária à neuroplasticidade".

Algumas conclusões desta experiência, publicarei num outro post.

Abraços saudáveis

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