segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

"A crise é culpa da natureza humana"

Na sequência do artigo "Dan Ariely pergunta: Controlamos as nossas decisões?" que publiquei no passado dia 26 de Novembro, hoje acrescento uns trechos de um artigo sobre algumas conclusões interessantes deste "economista comportamental", cuja reflexão pode contribuir de forma significativa para uma melhora da nossa própria Qualidade de Vida. (Fonte jornal Expresso de 12 Dezembro 09).

"Quando era pequeno quis saber o que era a inflação. O avô economista explicou-lhe o conceito com um exemplo: "Imagina um estádio cheio a ver um jogo de futebol. De repente, a fila da frente levanta-se para ver melhor. Atrás todos fazem o mesmo e no final todos vêem exactamente o mesmo que no início, mas agora estão em pé" [considero muito elucidativa esta explicação sobre o que é a inflação!].

(...) uma das (...) principais vítimas [da crise] foi a escola de Chicago, onde pontificam nomes como Milton Friedman, Robert Lucas ou Eugene Fama (...) "Eles reconheciam que as pessoas eram irracionais mas que não seriam irracionais se fossem profissionais altamente bem pagos para tomar decisões de milhões de dólares num mercado competitivo".
(...)
"O mercado falhou de uma forma tão significativa que mostrou que os erros das pessoas não foram erradicados com estes incentivos. Pelo contrário, até foram agravados".
(...)
Um dos problemas com o sector financeiro é que por vezes as pessoas envolvidas não compreendem os perigos [algumas compreendem, digo eu!]. Nada como um exemplo com mensagens escritas de telemóvel (SMS) para compreender que nos estamos a comportar como idiotas e que podemos morrer e matar outros. As pessoas em Wall Street nem sempre compreendem que o que estão a fazer é perigoso [acredito que algumas estejam bem conscientes sobre exactamente o que estão a fazer!]."
(...)
os verdadeiros responsáveis são a natureza humana e a falta de compreensão da natureza humana".
(...) deixados ao seu livre arbítrio, já se sabe que os comportamentos individuais não são muitas vezes os mais adequados, seja a poupar, privilegiando o presente em detrimento do futuro, seja a endividar-se para ter um carro maior do que o vizinho ou (...).

Tal como a história da inflação e dos espectadores na bancada do jogo de futebol do avô de Dan Ariely, diversos comportamentos que parecem racionais à primeira vista geram resultados finais completamente irracionais. E, em muitos casos, são demasiado previsíveis para não serem levados em conta.

PARTIDAS DA MENTE

FASCÍNIO PELO GRÁTIS
O conceito de grátis é um dos mais poderosos de marketing. O zero não é apenas um preço particular. É uma fronteira da racionalidade dos agentes económicos. Numa experiência com chocolates, Ariely mostrou que as pessoas preferem um chocolate grátis de pior qualidade do que comprar por poucos cêntimos um chocolate melhor.

PLACEBO DOS PREÇOS
O conhecido efeito placebo dos medicamentos também pode estar relacionado com os preços. Estudos mostram que os doentes que compram os medicamentos mais caros dizem ter tido melhorias mais acentuadas

DEIXAR PARA AMANHÃ
"Deixar para amanhã o que se pode fazer hoje" é uma prática frequente e é outro exemplo de irracionalidade que se manifesta, por exemplo, nas decisões de poupança.

DINHEIRO ESTRAGA AMIZADES
O dinheiro é a linha que separa as regras de mercado do mundo das normas sociais. Levar uma garrafa de vinho para um jantar em casa de amigos é um sinal de cortesia. Mas entregar ao anfitrião o dinheiro da garrafa pode ser mal interpretado.

A RELATIVIDADE NA COMPRA
Numa escolha entre três hipóteses - duas das quais mais facilmente comparáveis - o consumidor tende a esquecer-se da terceira.

A (...) HONESTIDADE
Muitas pessoas são capazes de roubar uma maça mas seriam incapazes de roubar o dinheiro correspondente. A desonestidade diminui quando há dinheiro envolvido e, (...)

TÃO CARO, PORQUÊ?
Um dos conceitos citados no livro "Previsivelmente Irracional" são os preços-âncora. Muitos bens têm preços elevados apenas porque o primeiro preço que tiveram era alto e passou a servir de referência."

É através de pequenas mudanças em cada um de nós que conseguiremos resultados palpáveis a nível global.

Abraços saudáveis

Nenhum comentário: