quinta-feira, 6 de março de 2008

Conscientizar as "crianças grandes" sobre a importância de cuidarem dos "cuidadores"



Hoje convido os meus leitores a relacionar o conteúdo de dois artigos, ambos publicados na Folha de São Paulo ao longo da semana passada, respectivamente pela Cláudia Collucci e Flávia Mantovani:

Cardiopata prefere remédio a mudar de hábito, diz pesquisa (Estudo foi realizado com 3.000 pacientes do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia)
Pessoas que cuidam de idosos precisam dividir tarefas e dedicar tempo ao lazer para não adoecer
“Dados mostram que 61% (dos cardiopatas) crêem que remédio basta para resolver problema e que 40% não comem legumes e verduras diariamente. (...) Grande parte dos pacientes com problemas cardiovasculares é sedentária, consome produtos ricos em sódio e gorduras saturadas e trans- vetados pelos médicos- e acredita que os medicamentos sejam suficientes para manter a doença cardíaca sob controle.”
Os “cardiopatas” por falta de conhecimento ou desinformação, resistência à mudança, falta de vontade, preguiça, algum tipo de “freio” físico ou psicológico, ou pura e simplesmente por comodismo (excluo os casos de força maior, porque como é obvio esses não “preferem”), tomam remédios, porque é mais pratico!

“Segundo Magnoni (coordenador da pesquisa no Dante), os pacientes preferem tomar o medicamento a mudar hábitos da vida. Eles até mudam no início, mas, com o tempo, aprendem que é mais fácil tomar o remedinho e pronto."
Por outro lado, cada vez mais pessoas (relembro que bem ou mal, vamos viver um maior número de anos!), passam experiências como a do ator Sérgio Siqueira Couto, 56 anos que comenta: "Tenho vivido em função dela (avó) e me ausentei de muita coisa. Fiquei até com um diabetes de fundo nervoso. Encaro isso tudo como uma missão."

É tentar gerir da melhor forma o “(...) estresse pelo qual passam as pessoas que cuidam de um familiar idoso. Muitas acabam ficando tão sobrecarregadas que chegam a adoecer. O fenômeno já tem até nome entre os pesquisadores: "caregiver stress" ou estresse do cuidador”. (...)

“Cassis (clínica-geral especialista em geriatria) cita ainda um estudo brasileiro que havia mostrado que maridos e mulheres cuidadores reagem de formas diferentes: eles tendem a ter mais transtornos de ansiedade; elas, sintomas depressivos.”

“(...) Nas folgas dos cuidadores profissionais, Emília (advogada, 45 anos) e seus três irmãos se revezam para ficar com a mãe. No início da doença (doença de Alzheimer), ficavam com ela em tempo integral. Apesar do amor e da disposição, Emília conta que às vezes sofre com a rotina e com algumas peculiaridades da doença, como mudanças de comportamento. "É um superdesgaste, demanda muito tempo e energia. Ela fica teimosa, às vezes apática. Perco minha mãe todo dia, isso é muito doído."

Como o que queremos é gerar resultados, é fundamental que nas escolas, nas empresas, nos hospitais, de porta em porta, cada um de nós contribua para conscientizar o maior número de pessoas que os cardiopatas mencionados acima e todos aqueles que têm condições de mudar o seu estilo de vida, o façam, no mínimo, por aqueles que acabarão por se tornar os cuidadores deles, que por sua vez virão a necessitar ter um também.

"É importante preservar o cuidador. É ele que vai à luta, enfrenta o trabalho, o trânsito (...)” (Samuel Grossmann, presidente da Associação Brasil Parkinson)

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