domingo, 18 de maio de 2008

Proposta para os meus leitores (primeira parte)


A conjugação de alguns resultados positivos alcançados esta semana, com a leitura de alguns livros e entrevistas, dos quais extraí alguns trechos que copio abaixo, levaram-me a fazer uma proposta que pretendo apresentar aos meus leitores, na próxima semana, por falta de espaço neste artigo (mantenho o princípio, quase nunca descumprido, de escrever uma tela de computador no máximo!) .

Do livro “COMO MUDAR O MUNDO – empreendedores sociais e o poder das novas idéias, de David Bornstein:
“O que sabemos é que a existência de conhecimento e a aplicação disseminada de conhecimento são coisas muito distintas. Se apenas o conhecimento fosse bastante, milhões de crianças não continuariam a morrer de desidratação devido à diarréia.
Mudar um sistema significa mudar atitudes, expectativas e comportamentos. Significa superar a descrença, o preconceito e o medo. Os velhos sistemas não abraçam prontamente as novas idéias ou informações; os defensores do status quo podem ser teimosamente impermeáveis ao bom senso (...). Em sua análise clássica sobre política e poder, O príncipe, Maquiavel observava: “Nada é mais difícil de realizar, de sucesso mais duvidoso, e nem mais perigoso de manipular, do que iniciar uma nova ordem de coisas. Pois o reformador tem inimigos em todos aqueles que lucram com a velha ordem, e defensores pouco entusiastas naqueles que lucrarão com a nova.”

Esta pode ser uma das razões do porquê a sociedade necessita de empreendedores sociais movidos pela ética, como foi Florence Nightingale (sugiro aos meus leitores que pesquisem, por exemplo no Google, a extraordinária história desta mulher e o impacto que teve na sociedade) para romper padrões negativos e iniciar novas ordens de coisas. É preciso atenção concentrada, criatividade prática, em uma fonte de energia de longo prazo para mudanças no sistema e garantir que a mudança esteja bem enraizada em instituições e culturas. Devido à qualidade de sua motivação – suas inexplicáveis obsessões, sua ação e orientação de crescimento, sua crença inabalável na razão de sua idéia certas pessoas parecem adequadas a liderar este processo.”

Da entrevista a Simon Schwartzman (sociólogo e ex-presidente do IBGE), com o titulo “É preciso ir à luta”, publicada nas páginas amarelas da edição de 7 de maio da revista VEJA:

“(...) Em geral, elas (pesquisas acadêmicas no Brasil) ficam restritas ao âmbito acadêmico e não se transformam em produtos serviços úteis à sociedade. Não há transferência de conhecimento, nem mesmo quando se trata de uma pesquisa aplicada. (...) A experiência mostra que uma instituição só se volta para fora quando precisa de buscar recursos.

O sistema de avaliação utilizado pelo Capes (...) já está ultrapassado. Ele dá muita ênfase aos trabalhos acadêmicos e desestimula qualquer iniciativa prática. Os critérios de qualidade levam em conta o número de artigos publicados, o número de doutores formados e a participação em congressos internacionais. A aplicação da pesquisa não é valorizada.(...) Depois de o artigo ter sido publicado, eles (pesquisadores) não se interessam em procurar uma empresa para desenvolver o produto. Consideram mais vantajoso à carreira iniciar outra pesquisa para publicar um novo artigo.

O governo também perde, pois não usa o saber acadêmico para auxiliá-lo na formulação de políticas publicas.
Acho que o melhor caminho é de baixo para cima. Ou seja, dando mais autonomia às universidades e estimulando para que elas não fiquem restritas ao meio acadêmico.

De outro lado, as instituições têm de ser motivadas a buscar parceria com as empresas. Precisam ganhar alguma coisa com isso, mas também têm de perder se não o fizerem. Vou dar uma sugestão. Se cada departamento da universidade recebesse apenas 50% do seu orçamento e tivesse de levantar os outros 50%, já seria um estimulo.

O pesquisador morre de medo de alguém dizer a ele o que deve pesquisar. E às vezes tem boas razões para isso. (...) acho que cada instituição tem de eleger prioridades estratégicas, voltadas para as demandas da sociedade.

O principal fator é o humano. Em todos os casos que estudamos, havia um pesquisador com mentalidade empresarial, que liderou o processo de integração com o mercado.(...) Precisa estar o tempo todo antenado com o que acontece fora da universidade para quais temas de pesquisa estão surgindo, quais as linhas mais promissoras e onde estão as oportunidades. Ele tem de saber convencer os outros da importância do seu trabalho. Isso cria uma dinâmica. (...) É preciso dar mais liberdade para que líderes de departamento com capacidade empreendedora possam agir.

Continua...

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