quarta-feira, 21 de maio de 2008

É importante pensar nos pequenos grandes detalhes (especialmente dos nossos filhos !)


Sem darmos por isso, com o aumento da insegurança e a pressa com que fazemos tudo no dia a dia, nem nos apercebemos das mudanças que vamos introduzindo nos nossos estilos de vida.


A nossa decisão de nos mudarmos dos Jardins em São Paulo para o “campo” nos arredores de Curitiba, em poucos dias validou o que atrás escrevi.
Gabriela (6 anos), nossa vizinha no condomínio, convidou a minha filha Carolina (4 anos) para ir a casa dela. Para a primeira, a coisa mais natural da vida, era irem sozinhas, enquanto que a Carolina perguntou se eu as levava até casa da Gabriela. Eu respondi que podiam ir as duas e a Carolina olhou para mim desconfiada e perguntou à nova amiga, se ela sabia o caminho (estamos a falar de uma distância de cerca de 200 metros de gramado).

A uma resposta positiva da Gabriela, a Carolina aceitou que eu não fosse desde que ficasse a olhar para elas enquanto caminhavam até lá. Eu disse que sim, até porque aqui temos tempo para ficar olhando (e babando!) a nossa cria, falando, gesticulando, rindo, durante uns minutos, sem estarmos a olhar para o relógio ou pensando que já estamos atrasados para mais um compromisso profissional ou social. E foi muito engraçado ver a minha filha a meio do percurso (ainda deu para eu escutar!), perguntar à amiga mais velha - “você tem a certeza que sabe voltar?”.


Descrevi com algum pormenor, aquilo que seria uma cena rotineira, sem qualquer importância, porque constatei que a minha filha que já morou no Piauí, em Natal, São Paulo, já conhece inúmeras outras cidades, inclusive fora do Brasil, principalmente por razões de segurança ( vivemos em São Paulo nos últimos três anos), tem receio de andar 200 metros, sem a presença de um adulto! Poucos dias depois, ela já vai buscar o jornal a casa de outro vizinho nosso e vem correndo sozinha, sorrindo continuamente, comemorando cada passo (de corrida), como uma vitória digna do tempo das descobertas do séc. XV (desculpem-me o orgulho que tenho como português, desses tempos heróicos).


Reconheço que na procura continua de melhora de Qualidade de Vida, não incluímos este pequeno grande detalhe, na nossa grelha de decisão de prós e contras, mas desafio os meus leitores que sintam vontade de mudar os respectivos estilos de vida, a incluí-lo, porque para os nossos filhos (e consequentemente para nós), este grau de liberdade, vale mais do que, por exemplo, um salário maior (ainda por cima, numa casa maior, pagamos muito menos do que a casa em que morávamos, ou seja, pagamos menos para termos mais Qualidade de Vida).


E esta forma de analisar o que queremos e podemos fazer pela nossa própria família, é muito bem corroborada em dois artigos da Revista Época do passado dia 7 de abril, onde o Ricardo Neves, consultor de inovação e estratégia, deixa claro que “O grande vilão é o nosso estilo de vida.” e cabe a cada um de nós, “Para curar o trânsito das cidades, (...) adotar novas formas de deslocamento” no seu artigo “Como se livrar do vício em automóveis” e Susan Andrews, psicóloga e monja iogue, que no seu artigo “Existe cura para o síndrome do vapt-vupt”, nos diz que “(...) Já que você acelerou sua vida, você precisa agora encontrar um modo de desacelerá-la” .É muito elucidativa a imagem apresentada pela Susan Andrews quando a certa altura escreve – “Você já reparou quantas pessoas apertam o botão de “fechar” dentro dos elevadores? Dez segundos parecem uma eternidade”.


Aproveito para relembrar que através da conscientização, o objetivo principal dos meus artigos semanais é o de levar o maior número de leitores a fazer algo mais pela Qualidade de Vida (sua própria, família, colaboradores, amigos, etc) e algumas vezes uso o nosso próprio exemplo, para demonstrar que, efetivamente, podemos ir mais longe do que apenas pensar mudar um dia (para aqueles que tem receio de se afastar dos grandes centros de decisão, saliento que não estamos no “fim do mundo”, mas sim a menos uma hora de avião de São Paulo e que com o atual estágio dos recursos virtuais, temos acesso a praticamente o mesmo volume de informação de quem vive em São Paulo, sem sair de casa).

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