sexta-feira, 17 de outubro de 2008

"na minha (sala), sou eu que mando!"

Até hoje (desde meados de 2006), não tinha escrito nada sobre os malefícios do tabaco, porque todos já sabemos que mata fumantes ativos e passivos. Mas um comentário em especial, do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, que na altura do seu pronunciamento me passou despercebido, me leva a publicar algo em nome da defesa da saúde de milhões de brasileiros.

Fumando cigarrilha durante a entrevista concedida no Palácio do Planalto, o Presidente Lula afirma:

“Eu defendo, na verdade, o uso do fumo em qualquer lugar. Só fuma quem é viciado.”

Ao ser questionado sobre um decreto que proíbe o fumo no Planalto, o presidente respondeu: “Menos na minha sala. Eu, se for na sua sala, certamente não fumarei porque respeito o dono da sala. Mas, na minha, sou eu que mando”.

Com base nestas afirmações feitas pelo Presidente da Republica (independentemente de qualquer ideologia política), gostaria muito de saber se ele manteria a mesma situação se um filho seu passasse pela seguinte (terrível) situação:

Terra Magazine - O Sr (médico oncologista Riad Younes) . possui 25 anos de experiência no tratamento de doenças causadas pelo fumo. Conte um caso que o impressionou.
Riad Younes -
O primeiro caso na minha vida médica que me chamou atenção sobre o vício do cigarro, a dificuldade de largar o cigarro e a tragédia que isso pode causar ocorreu quando eu estava em treinamento na residência, no meu primeiro plantão em UTI no Hospital das Clínicas, que foi numa UTI cirúrgica. Eu já era médico formado há três anos e meio. Quando chego nesse meu primeiro plantão, eu ouço um paciente gritando lá do fundo. Perguntei o que era aquilo para o outro médico de plantão e ele "ah, isso aqui é assim todo dia". Eu fui lá ver o paciente. Ele devia ter uns 40 anos de idade, jovem, e ele estava gritando querendo que alguém acendesse um cigarro para ele. Na verdade, esse paciente tinha sido operado, era a quinta operação dele e nas primeiras operações foi preciso amputar as duas pernas na altura do joelho. Depois amputaram o braço esquerdo na altura do cotovelo e dessa vez tinham amputado o braço direito. Ele tinha uma doença conhecidíssima causada pelo cigarro, que obstrui as artérias dos braços e das pernas.

Como chama essa doença?
Tromboangeíte obliterante. Então, esse paciente perdeu uma perna mas continuou fumando, perdeu a outra e continuou fumando, perdeu um braço, perdeu o outro... Ele ficou, coitado, um tronco com quatro tocos pendurados nele, gritando por cigarro por não conseguir acender o cigarro porque não tinha mais mão. Eu fiquei chocado. Fui tentar conversar com ele e ele disse "não fala comigo, eu quero um cigarro, não quero nem saber". Veja você o tamanho do problema.

Num outro comentário sobre a (triste afirmação do Presidente Lula), pode-se ler:

“Achei uma atitude autoritária, até porque a sala não é dele, já que o prédio é público. Se o projeto for aprovado, nem mesmo o presidente está acima da lei, não é mesmo.”

Acreditam que quem pensa assim sobre a questão do tabaco, está convicto de que a saúde da população brasileira, é algo que deva estar no topo das prioridades dos nossos governantes?

Abraços saudáveis,

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