domingo, 10 de maio de 2009

"O importante é sempre o Agora. (...)"


A entrevista feita pela Sofia Sá da Bandeira da revista perfumes&co a Maria Helena de Freitas Branco (pianista, pedagoga e a primeira professora de yoga em Portugal) é uma lição de Qualidade de Vida. Seguem alguns trechos:

"(...)
Sentiu-se atraída pelo silêncio, o silêncio continua a ser importante para si?

Absolutamente. Quando aprendemos a estar em silêncio, sem pensamento, podemos contactar verdadeiramente com o que somos, com o Eterno em nós. com a própria Vida no seu sentido mais lato.

(...)
Como se relaciona com o tempo no seu dia-a-dia?

Para mim, o tempo não conta. É claro que, no meu quotidiano, existem horários, (...). Mas, não é a esse tempo que me refiro, é ao tempo interior, ao tempo anímico, ao tempo mental. O tempo é sempre o momento presente. O Aqui e Agora. Cada segundo contém a eternidade.

O passado não conta?

O passado é qualquer coisa que já foi, é uma memória, que tem a importância que tem, mas não devemos ficar presos a ele.


Há quem esteja sempre a remover as mesmas memórias, muitas vezes, memórias pesadas pouco agradáveis.

Os pensamentos são energia. Essas pessoas estão normalmente numa frequência vibratória negativa, a sua mente está sub-jugada à memória do passado, a sua realidade é distorcida, sentem-se infelizes, alienadas, porque são permanentemente arrancadas pela própria voracidade do seu próprio pensamento, ao Aqui e e Agora. Estão separadas da Vida. A vida está sempre no momento presente.

E o futuro?


Nem o passado, nem o futuro são importantes face ao momento presente. Se estivermos no Aqui e Agora, o momento amplia-se para a sua verdadeira dimensão, torna-se vasto, profundo. Se eu estivesse agora, aqui, consigo, a pensar no que vou fazer daqui a pouco não estaria bem a viver, porque não estaria inteiramente presente. O Agora é poderoso. Sagrado. Quando nos afastamos dele tornamo-nos ansiosos, negativos inquietos.

Nessa dimensão, os planos para o futuro não são muito importantes?


Apenas como esboço, como possibilidade. O importante é sempre o Agora. O futuro é secundário, é uma abstracção, não existe, é um pensamento. É a presença consciente do Agora que constrói o futuro. Essa consciência, essa presença muda tudo. Tudo. Até a relação com os outros.

No entanto, tudo se submete à passagem do Tempo, tudo flui.

Sim, tudo flui, nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos, mas tudo o que acontece, é no Agora. Nesse sentido, o Tempo não existe. É um paradoxo. O importante é aceitarmos o que acontece, estarmos conscientes no presente, unidos ao momento, cúmplices do Agora. Quando o fazemos desligamos o Tempo e aí, tudo se amplia.

Deveria existir, nas escolas, uma disciplina que nos ensinasse a meditar?
Absolutamente. Bastariam cinco minutos por dia. Olhe que é difícil tentar estar quieto, não pensar em nada, mesmo em nada, durante cinco minutinhos. É dificílimo.

Qual é o maior benefício que nos traz esse estar presente no momento
, esse esvaziar da mente?

Paz interior. Uma segurança muito grande. Tudo muda. Quando estamos separados do momento, estamos cheios de ruído, presos aos pensamentos confusos, reactivos, perdidos dentro de nós mesmos. Quando estamos no Aqui e Agora, o ruído, a confusão, a agitação, cessam dentro de nós. O que é insignificante desaparece.

Dar é importante?

É fundamental. O movimento da vida é sempre um fluir, é como o movimento das ondas. Dar qualquer coisa aos outros, pode ser uma palavras, um sorriso, um estímulo, seja o que for. Quem só se vê a si próprio, quem se fecha sobre si, na sua própria concha, esses sim, está a perder tempo, a energia não flui, está moribundo. Não há criatividade. Não há amor. Não há vida.
(...)"

Abraços saudáveis,

Nenhum comentário: